Uma centena de árvores perdidas por minuto devido ao consumo da UE
Uma nova análise da WWF revela a verdadeira dimensão da desflorestação global ligada a produtos do dia a dia consumidos na União Europeia, e os números são alarmantes. Entre 2021 e 2023, a procura europeia por commodities como soja, óleo de palma, cacau, café, carne de bovino, couro, borracha e madeira industrial foi responsável pela destruição de 149 milhões de árvores em todo o mundo — o equivalente a 100 árvores perdidas a cada minuto.
Segundo a mesma fonte, o chocolate e a carne de vaca são responsáveis por mais de 10 milhões de árvores perdidas por ano cada um. O uso de óleo de palma na UE leva ao corte de 6 milhões de árvores, enquanto a soja destinada à alimentação animal destrói 6,4 milhões de árvores. Até o consumo de café contribui para a perda de mais de 3 milhões de árvores anuais.
O relatório destaca também o custo climático de adiar a aplicação do Regulamento da UE sobre Desflorestação (EUDR). Um atraso de apenas um ano poderia gerar 16,8 milhões de toneladas adicionais de emissões de CO₂ importadas, equivalente a todos os habitantes de Londres a viajar três vezes por ano para Nova Iorque.
“A UE tem apenas 41 dias para acabar com o corte de árvores, mas continua a perder tempo com jogos políticos. O preço de adiar o Regulamento da UE sobre Desflorestação é catastrófico e o nosso clima não pode suportá-lo”, afirma Béatrice Wedeux, responsável sénior de políticas da WWF.
Entre os países da UE, a Alemanha lidera em perdas totais (13 milhões de árvores/ano), seguida de Espanha e França. Por habitante, os holandeses consomem mais árvores, com 272 árvores “consumidas” por cada 1.000 cidadãos anualmente, seguidos de Luxemburgo e Finlândia.
O atraso de um ano na aplicação do EUDR teria consequências ambientais significativas: poderia gerar 16,8 milhões de toneladas adicionais de emissões de gases com efeito de estufa, o equivalente a todos os residentes de Londres a viajar três vezes por ano para Nova Iorque. A implementação completa até 2035 evitaria 387 milhões de toneladas de emissões, o equivalente a fechar oito grandes centrais a carvão permanentemente.
O EUDR foi acordado em 2020, entrou em vigor em 2023, mas os prazos de aplicação foram adiados diversas vezes, com nova proposta da Comissão Europeia prevista para simplificar procedimentos e adiar penalidades.