Uma em cada seis espécies enfrenta perigo de extinção devido às alterações climáticas
Uma em cada seis espécies que habita o planeta corre risco de se extinguir para sempre se os líderes mundiais não chegarem a um consenso para travar as alterações climáticas. A conclusão é de um novo estudo – o mais detalhado até à data sobre o assunto – elaborado por investigadores da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos.
As novas conclusões sobre a escala do impacto do aquecimento global nas plantas e animais do planeta foram divulgadas poucos meses antes de cerca de 200 governos se reunirem na cimeira das alterações climáticas das Nações Unidas em Paris, numa tentativa de forjar um novo acordo global para a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2) que possa substituir o Protocolo de Quioto.
Caso o cenário previsto no novo estudo se concretize, as espécies da Austrália, Nova Zelândia e América do Sul vão ser muito mais afectadas que as da América do Norte ou Europa, já que estes primeiros territórios albergam um número muito maior de espécies e muitas delas endémicas. Também massas terrestres mais pequenas em países como a Austrália e a Nova Zelândia significam que muitas espécies vão ficar impedidas de migrar para poderem escapar às temperaturas mais elevadas, revela o estudo publicado na revista científica Science.
O estudo é o mais abrangente publicado até à data, analisando outros 131 estudos já existentes sobre o impacto das alterações climáticas nas espécies terrestres. As pressões colocadas sobre a vida selvagem e os seus habitats advindas do aquecimento global, aliadas a pressões como a desflorestação, poluição e exploração excessiva, são responsáveis pela perda de metade da biodiversidade do planeta nos últimos 40 anos.
“O risco, se continuarmos na nossa trajectória corrente, é muito alto. Se olharmos para a nossa janela e conseguirmos identificar seis espécies e pensarmos que uma delas pode potencialmente desaparecer, é uma situação dramática”, indica Mark Urban, da Universidade do Connecticut e um dos autores do estudo, cita o Guardian. “As extinções vão afectar a nossa economia, as nossas culturas, segurança alimentar e a nossa saúde”, acrescenta o investigador.
Não é esperado que qualquer acordo que saía da cimeira climática das Nações Unidas seja inicialmente suficiente para evitar que as temperaturas da Terra aumentem mais de dois graus Celsius, o nível considerado seguro. Mas espera-se que mais tarde os governos reforcem as medidas de contenção das emissões de CO2.
Mas mesmo que os governos consigam que a temperatura do planeta não aumente mais de dois graus Celsius, uma em cada 20 espécies (5,2%) vai enfrentar a extinção, indica o estudo. A investigação revela ainda que mesmo os animais e plantas que não se extingam vão sofrer grandes alterações nos seus números populacionais e distribuição.