União Europeia prepara-se para aprovar apoios públicos para construção de centrais nucleares
O ainda presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, prepara-se para deixar “um dos piores legados na área da energia”, uma vez que contribuiu activamente “para a redução dos apoios às energias renováveis e à eficiência energética”, promovendo “o apoio público às fontes de energia mais poluentes e menos sustentáveis”.
A afirmação pertence ao presidente da Quercus, Nuno Sequeira, que explica que este apoio é “contrário aos interesses de Portugal”, que pretende interligações para poder exportar energia renovável.
Segundo a ONGA (Organização Não-Governamental de Ambiente) portuguesa, a União Europeia prepara-se para permitir que os contribuintes, pela primeira vez, financiem a construção de centrais nucleares na Europa. A votação será no próximo dia 8 de Outubro, quarta-feira, poucos dias antes do actual executivo deixar as suas funções.
“Este é o tipo de decisões que afasta cada vez mais os cidadãos europeus das instituições europeias, pelo que, caso esta proposta seja aprovada no próximo dia 8, Durão Barroso terá contribuído para uma Europa menos sustentável e menos coesa”, explicou Nuno Sequeira.
Anteontem, o jornal alemão Der Spiegel publicou que a Comissão Europeia se preparava para aprovar um apoio público de valor astronómico para financiar a construção da central de Hinkley Point, no Reino Unido, colocando sobre os ombros dos contribuintes os custos económicos e ambientais.
“Se este acordo for aprovado, a Comissão ainda em funções deixará Bruxelas num carro de fuga após o assalto do século. Os contribuintes ficarão com a obrigação de pagar uma das centrais nucleares mais caras do mundo e assumir os custos, caso as coisas não corram bem, enquanto a EDF embolsará os subsídios”, concluiu Andrea Carta, da Greenpeace UE.
Foto: Nicolas Raymond / Creative Commons