Uruguai: legalização da canábis acabou com tráfico de droga
A legalização do comércio de canábis, no Uruguai, terá destruído o tráfico de droga, de acordo com o secretário nacional de drogas do País, Julio Calzada. De acordo com o responsável, a legalização do comércio de droga trouxe um efeito positivo sobre a criminalidade – o narcotráfico e os crimes a ele relacionados foram destruídos.
Segundo Calzada, o Uruguai tinha já despenalizado o uso de drogas há 40 anos, mas a evolução do consumo e os seus aspectos colaterais são semelhantes aos dos países que ainda criminalizam o uso.
O responsável falava durante um debate para tentar se definir se a regulamentação do comércio de canábis deverá ser discutida como um projecto de lei no Senado brasileiro.
“Temos a convicção de que um país que alcança a cidadania plena é aquele que melhor convive e não necessariamente o que mais reprime”, explicou. O responsável destacou, contudo, que a libertação exige educação para evitar o hábito do consumo.
E deu outro exemplo para explicar a sua teoria. No Uruguai, o mercado do tabaco tem sido regulado pelo Estado, com a proibição da publicidade. Como resposta, o consumo de tabaco, que era de 31% entre os meninos e adolescentes em 2006, caiu para 12% em 2012.
No caso da canábis há também regras para o controlo do consumo, com o registo dos utilizadores no momento da compra e limites para a plantação. Uma pessoa pode ter até seis pés de canábis em casa, longe das crianças, e pode haver clubes de até 45 membros com 99 plantas.
“A maioria das pessoas não vai querer plantar em casa, mas pode recorrer ao comércio legal. Isso é respeitar os direitos humanos. Mas entendemos que a canábis precisa de controlo, porque tem riscos para a saúde. É preciso uma intervenção directa do Estado para garantir que o marco legal seja respeitado, assim como os seus limites”, disse Calzada, citado pelo Planeta Sustentável.
Segundo o governante, o Uruguai acabou com o narcotráfico, mas há a consciência de que não existe a possibilidade de um mundo sem drogas. “Se uma pessoa que deseja usar a canábis para fins medicinais ou recreativos, porque razão ela precisa de se envolver com o narcotráfico, com pessoas sem escrúpulos? No Uruguai, o mercado de canábis representava 90% das drogas ilegais em narcotráfico”.
Foto: rafael-castillo / Creative Commons