Vão ser produzidos gases 100% renováveis a partir de Lamas de ETAR



Acaba de ser lançado o primeiro projeto no país de produção de gases 100% renováveis a partir de Lamas de ETAR. A Dourogás Renovável e a Águas do Tejo Atlântico assinalaram ontem, num evento de apresentação, o arranque da construção das infraestruturas que permitirão  o desenvolvimento dos Projetos de Inovação Hidrogasmove e Solargasmove na Fábrica de Água de Frielas.

As duas soluções tecnológicas vão produzir biometano, hidrogénio verde e e-metano – gases 100% renováveis – que serão, posteriormente, injetados na rede de gás natural e utilizados como combustível veicular. O Hidrogasmove recorre a tecnologia pioneira em Portugal para produzir biometano 100% renovável, a partir da purificação do biogás gerado pelas lamas produzidas na Fábrica de Água de Frielas. Já o Solargasmove, aposta no processo de metanação para produzir metano sintético, combinando-o com hidrogénio verde (produzido por eletrólise, a partir de fonte solar e de águas residuais).

Com um investimento de 3,6 milhões de euros, financiados em 2,3 milhões de euros pelo Fundo de Apoio à Inovação (FAI), estes dois projetos são um exemplo de economia circular, ao transformarem resíduos em recursos energéticos e produzirem energia limpa, mas também de mobilidade sustentável. Prevê-se que a operação tenha início a julho de 2022.

Na sua intervenção, João Pedro Matos Fernandes, Ministro do Ambiente e da Ação Climática, destacou a importância da circularidade de projetos como este, principalmente quando “aplicados ao setor da água onde a escassez é evidente e ao setor da energia onde, quanto mais fontes renováveis tivermos, mais competitivos vamos ser. Esta é a mudança que é necessária fazer: esta perspetiva de não haver resíduos, de termos uma alquimia em que nada sobra, uma economia fundada na racionalidade da suficiência em que tudo conta. Cabe-nos a nós criar condições para que estas iniciativas possam acontecer. (…) Projetos como estes vão marcar a diferença naquilo que é gerir os territórios, gerir as cidades, naquilo que é contribuir para descarbonizar a sociedade”.

Já Alexandra Serra, Presidente do Conselho de Administração da Águas do Tejo Atlântico, destacou: “É nossa prioridade valorizar os recursos gerados a partir das águas residuais urbanas e esta parceria materializa o novo paradigma da economia circular no ciclo urbano da água. Enquanto referência do setor da água em Portugal, a Águas do Tejo Atlântico, estamos empenhados em preparar as nossas Fábricas de água para transformar a matéria-prima que recebemos – esgotos – em produtos com valor. Do nosso trabalho diário faz parte o desenvolvimento de soluções mais eficientes – nomeadamente ao nível do aproveitamento do biogás, que pode ser utilizado na produção de energia verde – que promovam a circularidade e a sustentabilidade dos recursos com vista ao cumprimento dos objetivos da transição energética para uma economia neutra em carbono”.

Trata-se de um projeto de inovação que, além dos indicadores da produção de gases renováveis, investigará também indicadores de eficiência e da redução de emissões de gases com efeito de estufa e da redução da dependência de combustíveis fosseis. Também a captura de carbono é um dos indicadores em estudo, indo ao encontro do que, recentemente e no âmbito da COP26, se definiu como uma necessidade global, a de reduzir as emissões de carbono e de aumentar a capacidade de captura.





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