Venezuelanos preparam-se para chuva e frio associados ao fenómeno La Niña



As autoridades venezuelanas estão a preparar um plano de resposta às consequências do fenómeno climático La Niña, que vai trazer ao país chuva forte e frio, depois das altas temperaturas associadas ao El Niño.

“Estamos ainda no período do El Niño, o que significa mais seca e menos humidade do que precipitação, mas começou a debilitar-se e vai desaparecer [durante o] segundo trimestre do ano. Passaremos por um pequeno período neutro e entre julho e agosto para passar a La Niña”, disse o ministro do Eco-socialismo venezuelano.

Josué Alejandro Lorca falava no programa “Com Maduro +”, transmitido pela televisão estatal venezuelana, durante o qual explicou que o Ministério de Interior e Justiça, a Proteção Civil, o Instituto de Meteorologia e a vice-presidência venezuelana criaram um plano de resposta às chuvas para responder a emergências como as acontecidas nos últimos anos em Mérida e Tejerías.

O ministro afirmou que desde os anos 1980 a Venezuela tem registado todos os anos temperaturas mais quentes, mas os últimos 10 anos foram os mais quentes de sempre.

“Nos últimos 400 dias, em termos dos nossos indicadores ou variáveis que são o mar das Caraíbas e o oceano Atlântico, especificamente o Atlântico Norte, temos tido temperaturas mais elevadas e recordes mundiais. Isto levou a um sobreaquecimento [das águas]”, disse.

Lorca indicou que associado ao sobreaquecimento da temperatura do mar tem ocorrido um aumento da reprodução de polvos, uma situação que está a ser analisada por cientistas venezuelanas, em particular a relação entre a reprodução e o calor.

Os cientistas estão ainda a investigar a presença de milhares de alforrecas, denominadas “bolas de canhão” (Stomolophus meleagris), nas águas de várias praias do país.

O ministro disse que, entre 03 e 04 de maio, a Venezuela registou temperaturas muito altas [próximas de 29ºC], o que em conjunto com uma instabilidade atmosférica no mar das Caraíbas, provocou uma condensação de mais de 90%, ocasionando falta de visibilidade não associada a incêndios florestais.

A imprensa local noticiou que o El Niño e a La Niña são duas fases opostas do fenómeno climático global El Niño – Oscilação do Sul.

A La Niña representa a fase fria do ciclo, caracterizada por ventos alísios fortes que provocam a diminuição das temperaturas equatoriais.

O El Niño, por outro lado, é a fase quente do ciclo, em que os ventos alísios diminuem e aumenta a temperatura da superfície do mar.

Em outubro de 2022, pelo menos 50 pessoas morreram num aluimento de terras em Las Tejerías, no centro da Venezuela, incluindo três cidadãos portugueses.

Durante três semanas, as chuvas causaram aluimentos de terra e inundações em metade dos 24 estados da Venezuela, onde milhares de pessoas perderam parcial ou totalmente bens e propriedades.





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