Vera Norte: “Foi inesperado descobrir que o Filipe Pinto tinha criado uma música original para o ‘Sim, é no Amarelo’”



Três anos depois de começar a percorrer Portugal, a campanha “Sim, é no Amarelo” – lançada pela Tetra Pak para elucidar os portugueses em relação ao ecoponto correcto para colocar as suas embalagens – já chegou a 153 municípios e 6 milhões de pessoas.

Em entrevista conjunta ao Green Savers e ao portal Protege o que é Bom, Vera Norte explica os detalhes desta megaoperação de sensibilização ambiental e recordou alguns dos momentos mais inesperados dos últimos três anos.

Quando se iniciou a recolha das embalagens Tetra Pak em Portugal havia uma divisão sobre se estas deveriam ser colocadas no ecoponto amarelo ou azul. Como decorreu este processo e porque razão foi escolhido o ecoponto amarelo?

Quando o Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens arrancou em Portugal, pela mão da Sociedade Ponto Verde (SPV), a recomendação era para que as embalagens de cartão para alimentos líquidos fossem recolhidas com o papel/cartão, no ecoponto azul. Esta recomendação tinha como base o critério de material dominante que, no caso das embalagens da Tetra Pak, é o cartão – representa 75% do material da embalagem.

Quando o material dominante deixou de ser o único critério para a definição da cor do ecoponto, a recomendação da SPV foi alterada e as embalagens da Tetra Pak passaram a ser recolhidas com as embalagens de metal e plástico, no ecoponto amarelo.

Isto levou a que toda a sinalética tivesse de ser alterada e que fosse necessário informar o consumidor desta mudança. A campanha “Sim, é no Amarelo” surgiu em 2009 exactamente para esclarecer o consumidor quanto ao ecoponto correcto onde colocar as embalagens da Tetra Pak: queríamos deixar claro que as embalagens da Tetra Pak são para colocar no ecoponto amarelo.

Três anos depois, qual a principal marca que o “Sim é no Amarelo” deixou nos consumidores portugueses?

A certeza quanto ao ecoponto onde devem colocar as nossas embalagens: o amarelo. Esta é a mensagem base de toda a campanha e aquela que se pretende que seja apreendida pelo consumidor.

Para a Tetra Pak, o que representa o projecto. Como o acarinham internamente?

É um projecto importante porque vem responder a uma das nossas metas ambientais – aumentar a reciclagem das nossas embalagens – e porque traduz a materialização de um modelo de trabalho que cada vez mais queremos privilegiar: a parceria com diferentes operadores, públicos e privados.

Neste projecto todos os intervenientes partilham um mesmo objectivo, sendo que cada um deles participa com diferentes recursos, numa lógica de optimização de custos e amplificação da mensagem.

A Tetra Pak delineou o modelo, definindo os parceiros a privilegiar – os sistemas municipais de gestão de resíduos e as autarquias – e os recursos que cada parceiro poderia trazer para a campanha. Desenvolvemos as mensagens e a imagem da campanha e somos responsáveis pela produção dos materiais de comunicação – cartazes, mupis, outdoors, folhetos ou brindes.

Os sistemas e as autarquias definem as quantidades necessárias para divulgar a campanha nas suas áreas de influência, os momentos de distribuição desses materiais junto da população e cedem posições relevantes nas redes de outdoor e mupis dos municípios, espaço para exposições ou mailings.

Este modelo já nos permitiu chegar a perto de 6 milhões de consumidores, através de acções que envolveram mais de 153 municípios e 14 sistemas de gestão de resíduos, ao longo destes três anos.

É uma campanha que pretende abranger todo o país, uma estratégia que nos permite actuar de forma muito próxima das populações, articuladamente com o trabalho das autarquias e dos sistemas, para gerar mais sinergias, mantendo sempre a mensagem e a identidade da campanha.

O Sim, é no Amarelo é sobretudo dirigido aos mais jovens. Qual a importância dos jovens para a mudança de mentalidades?

A campanha é dirigida a toda a população. Procuramos chegar a diferentes públicos através de diferentes acções, umas mais generalistas, outras mais específicas.

As crianças e os jovens têm sido, sem dúvida, um público ao qual temos dado especial atenção nos dois últimos anos. São um público muito atento e interessados nas questões ambientais, além de serem excelentes promotores de mudança junto dos pais.

A campanha tem chegado às escolas através de acções de sensibilização locais e regionais, promovidas pelas diferentes autarquias e sistemas, assim como através de iniciativas nossas, de âmbito nacional, como os passatempos “Sim, este ano o Natal é Amarelo” (realizado no ano lectivo de 2010/2011) ou o “Sim, vamos criar uma árvore” (ano lectivo de 2011/2012).

Foram acções que envolveram centenas de escolas de diferentes graus de escolaridade e que assentaram essencialmente na plataforma digital www.simenoamarelo.pt, de modo a agilizar a participação e divulgação dos projectos. Nestas iniciativas com as escolas temos contado com a colaboração da ABAE/Eco-Escolas que tem sido um parceiro muito empenhado e envolvido. Foram iniciativas muito participadas com milhares de jovens envolvidos.

Desenvolveram algum estudo para perceber uma hipotética mudança de atitudes dos consumidores após a interacção com a campanha?

A campanha “Sim, é no Amarelo” partiu de um estudo que identificou a necessidade de esclarecer o consumidor quanto à cor do ecoponto onde colocar as nossas embalagens (24 % da população considerava que deveriam ser colocadas no azul). A eficácia da campanha está a ser medida não só pelos resultados deste estudo mas, essencialmente, pela evolução das taxas de recolha nas zonas onde a iniciativa já esteve presente e pela evolução da taxa de reciclagem a nível nacional. Por outro lado, nos últimos três anos, a recolha das nossas embalagens aumentou cerca de 14%.

Qual o momento mais engraçado da campanha?

Os passatempos desenvolvidos com as escolas têm sido, sem dúvida, os mais gratificantes, não só pela excelente adesão das escolas, como pelo empenho, criatividade e dedicação dos professores, alunos e dos próprios pais – temos visto trabalhos muito engraçados que traduzem uma entrega total aos projectos, o que é muito bom.

Um dos momentos mais engraçados foi mesmo a gala de entrega de prémios do passatempo, realizada no último ano lectivo. Trouxemos as turmas vencedoras até ao Centro Colombo, que foi nosso parceiro neste evento, almoçámos em conjunto, fizemos a entrega dos galardões e assistimos a um concerto exclusivo do Filipe Pinto, o vencedor da terceira edição dos Ídolos. Foi um momento muito engraçado e gratificante

E o mais inesperado?

Quando descobrimos que o Filipe Pinto tinha criado para nós uma música original dedicada ao “Sim, é no Amarelo!”

Em que concelho ficaram mais surpreendidos com a recepção da população? E qual vos surpreendeu mais em termos de mobilização para a reciclagem?

Felizmente temos tido uma excelente receptividade da população em todos os concelhos. É esse o feedback que nos é dado pelos nossos parceiros no terreno; as pessoas valorizam a mensagem por ser simples e informativa.

Talvez destaque a campanha que temos estado a realizar este ano, no distrito de Santarém, em parceria com a Resitejo. Além dos materiais habituais incluímos na sensibilização uma exposição lúdico-pedagógica dedicada à reciclagem das nossas embalagens, que temos colocado em espaços cedidos pelas autarquias.

Estivemos com esta exposição em Santarém, na Casa do Ambiente, no Entroncamento, na Escola de Prevenção Rodoviária, na Golegã, durante a Feira do Cavalo e, até final de Novembro, estamos em Tomar, na Casa dos Cubos.

Tem sido espectacular ver o empenho e o envolvimento das equipas de sensibilização ambiental das autarquias e a boa coordenação que existe com o sistema de gestão. Tem sido um verdadeiro trabalho de equipa, muito gratificante em que todos estão mobilizados e todos se disponibilizam a fazer de tudo para que o projecto funcione.

Notaram alguma diferença na mobilização da população, tendo sempre em conta o tema da reciclagem, entre as várias geografias: norte/sul, litoral/interior, zonas urbanas/zonas rurais, continente/ilhas?

Não, a população tem sido igualmente receptiva independentemente das regiões.

Quais os próximos passos da campanha? Vai continuar a percorrer Portugal nos mesmos moldes?

Sim, essa é a ideia, assim haja parceiros interessados em acolher o projecto. No próximo ano vamos levar a campanha aos municípios de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra, abrangendo uma população de cerca de 851 mil habitantes. Estamos a preparar tudo para iniciar a campanha de Oeiras no arranque do ano.

Podem enviar-nos alguns dados globais da campanha?

14 SMAUT (Sistema Multimunicipal, Intermunicipal e Autarquia) envolvidos, 153 municípios cobertos, cerca de 6 milhões de pessoas impactadas.

Grande parte do investimento em marketing e comunicação da Tetra Pak é canalizado para acções de sensibilização da população. Esta estratégia é comum a outros países onde a multinacional está presente, ou é uma iniciativa adaptada à realidade portuguesa?

Uma das metas ambientais da Tetra Pak é duplicar, até 2020, a taxa de reciclagem das suas embalagens a nível mundial. Esta meta significa reciclar cerca de 100 mil milhões de embalagens usadas até 2020.

No último ano foram recicladas globalmente cerca de 30 mil milhões de embalagens, o que permitiu que 473 mil toneladas de resíduos fossem reaproveitadas para o fabrico de novos produtos. A reciclagem é, por isso, uma meta importante para a empresa a nível mundial.

Tendo em mente este objectivo global, cada país define as estratégias e acções que melhor se adequam à sua situação, na medida me que a realidade nacional é diferente de mercado para mercado. Alguns países começam a dar os primeiros passos no estabelecimento de sistema de gestão de resíduos, enquanto outros têm sistemas já bem implementado e com níveis de recolha muito elevados.

No entanto, em todos eles a sensibilização dos consumidores é sempre uma missão fundamental, porque sem a adesão do consumidor não há reciclagem. Dependendo das circunstâncias locais, a participação da Tetra Pak neste processo é maior ou menor, sendo que procuramos sempre ser um parceiro activo e mobilizador.

Em Portugal, a Tetra Pak tem assumido desde sempre um papel muito activo na sensibilização ambiental dos consumidores. Faz parte do ADN da Tetra Pak em Portugal. Gostamos desse contacto directo com a população e temos tido o privilégio de poder contar com parceiros fantásticos que estão sempre dispostos a avançar connosco em novos projectos de sensibilização ambiental. Este vai ser, sem dúvida, um caminho a seguir cada vez mais em parceria.





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