Via Láctea pode ser 50% maior do que se pensa



Um filamento de estrelas, em forma de anel, que envolve a Via Láctea pode afinal pertencer à própria galáxia, ondulando acima e abaixo do plano galáctico que é relativamente achatado. Se tal se confirmar, este anel de estrelas pode aumentar o tamanho da Via Láctea em 50% e levantar várias questões sobre a causa do movimento ondulatório das estrelas.

A descoberta advém de um estudo internacional liderado por Heidi Jo Newberg, do Instituto Politécnico Rensselaer, em Nova Iorque. A investigação utilizou dados do Sloan Digital Sky Survey para reanalisar o brilho e a distância das estrelas no extremo da galáxia. Daqui, os investigadores concluíram que a franja do disco galáctico é enrugada, formando sulcos e ranhuras de estrelas, numa forma que se assemelha a papelão ondulado.

“Parece-me que talvez estes padrões possam seguir a estrutura espiral da Via Láctea, e se assim for podem estar relacionados”, afirma Heidi Newberg, cita o Discovery News. Newberg e os colegas suspeitam que uma galáxia anã possa ter mergulhado através do disco da Via Láctea, desencadeando ondas, tal como uma pedra quando cai num lago.

Outra hipótese é que galáxias intrusivas possam ter desencadeado os padrões ondulados que mais tarde desencadearam a formação de estrelas no gás espalhado nas ondas, levando à criação de braços em espiral nas galáxias.

Os dados que indicam que o chamado Anel de Monoceros, localizado a mais de 65.000 anos-luz do centro da galáxia, é na verdade parte da própria galáxia surpreenderam Newberg, que estava na equipa que descobriu este anel em 2002.

“Pensámos que era um fluxo de detritos das marés – uma galáxia anã que colidiu e se espalhou para fora do disco central neste grande anel. Nos últimos 15 anos tem havido controvérsia sobre a hipótese, com metade dos astrónomos a defenderem que é um fluxo de maré e a outra metade a defender que é parte do disco”, explica Newberg.

“O que tentei fazer foi encontrar mais provas de que o fenómeno estava relacionado com os fluxos. Demorou muito tempo para atingir este resultado, principalmente porque tive de alterar todo o meu modo de pensamento. Agora parece-me que este anel faz parte do disco e da Via Láctea”, indica a investigadora.

Incorporar o anel no mapa da Via Láctea expande a extensão da galáxia de 100.000 anos-luz para 150.000 anos-luz. Porém, são necessários estudos posteriores para confirmar que o anel faz mesmo parte da Via Láctea.

Foto: Jordan McRae / Creative Commons





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