Vice–ministro garante que China parou de construir novas centrais a carvão

O vice–ministro da Ecologia e Ambiente chinês, Sun Jinlong, anunciou hoje que a China parou de construir novas centrais elétricas a carvão, ao contrário do referido num relatório académico divulgado em fevereiro.
“Interrompemos completamente a construção de novas centrais elétricas a carvão”, garantiu Sun, durante a cerimónia de abertura do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF, na sigla em inglês).
O evento começou hoje na Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) e vai decorrer até sábado, contando com 26 empresas de Portugal, Brasil e Timor-Leste, de acordo com o organizador, o Instituto para a Promoção do Comércio e do Investimento de Macau.
Sun Jinlong disse num discurso que Macau, como “a única região do mundo que tem o chinês e o português como línguas oficiais”, pode ter “um papel único no fomento da cooperação financeira e investimento com os Países de Língua Portuguesa”.
O vice–ministro destacou que a China já assinou acordos com mais de 40 países para fazer face ao impacto das alterações climáticas.
Sun defendeu que “são notórios” os resultados das políticas chinesas para melhorar o ambiente, destacando a cobertura florestal, que “ultrapassou 25%” da área total do país.
A China tem “o maior sistema mundial de eletricidade verde” e lidera, a nível global, na produção de energia hidroelétrica, eólica e solar, acrescentou o dirigente.
A garantia de Sun surge cerca de um mês depois de um relatório alertar que a China iniciou, em 2024, a construção das maiores centrais elétricas a carvão nos últimos dez anos, suscitando dúvidas sobre as metas ambientais do país.
Pequim iniciou a construção de unidades com capacidade conjunta de 94,5 gigawatts (GW), ou seja, 93% do total mundial, segundo um documento publicado pelo Centre for Research on Energy and Clean Air e pelo Global Energy Monitor, com sede na Finlândia e nos Estados Unidos, respetivamente.
A China é o maior emissor do mundo de gases com efeito de estufa, mas está também na vanguarda das energias renováveis. Em 2024, terá 356 GW de nova capacidade eólica e solar, 4,5 vezes mais do que a União Europeia, de acordo com dados oficiais.
Embora o carvão tenha servido como fonte de energia essencial na China durante décadas, o crescimento explosivo da capacidade eólica e solar nos últimos anos suscitou a esperança de que o país consiga afastar-se deste combustível fóssil altamente poluente. A China anunciou que pretende atingir a neutralidade carbónica até 2060.
“A rápida expansão das energias renováveis na China tem o potencial de remodelar o seu sistema elétrico, mas esta oportunidade é prejudicada pela expansão simultânea em grande escala da energia a carvão”, afirmou Qi Qin, principal autor do relatório.
Este aumento ocorre apesar do compromisso assumido pelo Presidente chinês, Xi Jinping, em 2021, de “controlar rigorosamente” os projetos de centrais elétricas a carvão e o aumento do consumo daquele combustível fóssil antes de o “reduzir gradualmente”, entre 2026 e 2030.
A produção de carvão na China aumentou de forma constante nos últimos anos, passando de 3,9 mil milhões de toneladas, em 2020, para 4,8 mil milhões de toneladas, em 2024.
“Na ausência de mudanças políticas urgentes, a China arrisca-se a reforçar um modelo de energia adicional, em vez de realizar a transição, limitando assim todo o potencial do seu ‘boom’ de energia limpa”, afirmou o relatório.