Wattmove: a luta de uma microempresa de Aveiro para tornar a economia verde lucrativa
A economia verde “não é lucrativa, em Portugal, e ainda há muito a fazer” para que seja. Apesar da afirmação não augurar nada de bom para as empresas que actuam na área do desenvolvimento sustentável, mobilidade e energias renováveis, a frase pertence a uma empresária do sector, Cristina Montez.
Em 2008, Cristina e um sócio, Rui Fonte, lançaram a Wattmove, uma empresa com sede em Aveiro e especialista em mobilidade sustentável e eficiência energética. “O lema da empresa é a sustentabilidade. Pretendemos crescer de forma sustentável e promovendo serviços que promovam, cada vez mais, a qualidade de vida urbana”, explicou Cristina ao Green Savers.
Tendo como lema a “energia alternativa em movimento”, a Wattmnove comercializa veículos eléctricos que contribuem para “atenuar o ruído e a poluição atmosférica” e trabalha com a Câmara Municipal de Aveiro na promoção do exercício físico, criação de percursos urbanos alternativos e identificação de problemas de ordenamento urbano.
A empresa está também por trás do sistema de aluguer de bicicletas eléctricas na cidade de Aveiro, o Wattour, uma parceria com a Câmara Municipal de Aveiro e que inclui percursos até às praias. Mas ainda há muitos problemas a ultrapassar nos produtos verdes. “Há muita curiosidade em volta dos produtos como os veículos eléctricos, mas também muito descrédito, dificuldade em entender a capacidade de autonomia e falta de economia de escala para eventuais problemas técnicos. Por outro lado, os postos de carregamento colocados não funcionam, o que inibe o comprador”, explica a responsável.
A Wattmove já sentiu esta inibição na pele. Em tempos, a empresa teve uma loja aberta ao público, que estendia a sua abrangência para lá dos veículos eléctricos – até aos sistemas e gadgets baseados em energias alternativas, por exemplo. “Embora tivéssemos público interessado, tornou-se economicamente insustentável manter a loja”, explica a responsável.
Lançada exclusivamente com capitais privados e sem recurso a crédito, a Wattmove facturou €8.100 em 2012. Para este ano, o objectivo é dobrar a facturação, apesar da crise. Um dos objectivos da empresa é investir na compra de mais bicicletas e trotinetes e criar outros serviços, como scooters eléctricas.
A empresária gostaria também de investir na investigação. “Verificámos que um dos grandes problemas de aceitação dos veículos eléctricos é a ausência de uma economia de escala que favoreça as necessidades do utilizador final. Assim, o estabelecimento de uma parceria com uma universidade seria óptimo”, explica Cristina Montez.
A parceria teria de trabalhar em conjunto com a indústria automóvel, mas até agora não saiu do papel por razões financeiras. “É urgente que se estabeleçam políticas estratégicas que definam o rumo num horizonte temporal de décadas, mas que sejam assumidas pelos Governos de diferentes cores. É também urgente haver mais participação pública, mais debates locais envolvendo universidades, empresas e escolas”, defende a responsável.
Cristina, urbanista e mestre em Ordenamento da Cidade, e Rui Fonte, um Engenheiro de Telecomunicações, vão continuar a levar a economia verde ao distrito de Aveiro, estando a estabelecer parcerias com agentes de turismo locais e outras associações de defesa do ambiente e cidadania. Conheça-os melhor aqui.
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