Web Summit: De que forma pode a tecnologia verde salvar o Planeta?



No terceiro e último dia do evento digital Web Summit 2020, Jane Goodall e Pieter Van Midwoud revelaram, através da sua parceria, como a tecnologia verde pode salvar o Planeta.

É através do seu testemunho que apresentam o Ecosia, um motor de pesquisa que ao ser usado pelo utilizador, contribui para o plantio de árvores. O projeto já permitiu plantar mais de 114 mil árvores em vários países como o Senegal e o Burkina Faso.

Pieter Van Midwoud, enquanto chefe do Tree Planting Officer da Ecosia, explica que os motores de busca fazem muito dinheiro, e neste caso, esse dinheiro é usado para algo melhor. Atualmente, a empresa está a lucrar 2 milhões de euros por mês, uma quantia que após pagar os gastos e salários da equipa, reverte para a plantação de árvores em zonas como o Uganda. No mínimo, 80% das receitas revertem para ONGs de conservação ambiental.

O Jane Goodall Institute e o Ecosia estão de momento a trabalhar em conjunto para restaurar os corredores de floresta no Uganda. “O objetivo do projeto é trabalhar com os cidadãos locais, restaurar as florestas junto aos rios e os corredores naturais, de forma a melhorar a vida das pessoas e dos chimpanzés”, explica Pieter.

Jane Goodall revela que o projeto tem uma grande importância para os Chimpanzés, dado que a espécie se encontra em perigo de extinção devido à grande perda de habitat. “É tremendamente importante, à medida que as áreas florestais ficam mais fragmentadas com o desenvolvimento de estradas e coisas do género, ter estes corretores que ligam um lado da floresta ao outro, para que possa haver troca de material genético.” Além disso, “estas árvores também retiram dióxido de carbono da atmosfera, por isso é uma situação de ganho mútuo”, conclui.

Pieter Van Midwoud conta ainda que foi desenvolvida uma Aplicação para o telemóvel, usada pela equipa local no Uganda, que monitoriza as árvores. A App guarda várias informações sobre as árvores, revela onde estão plantadas, e ajuda a compreender a sua evolução e os resultados.

Em 2019 o programa conseguiu que fossem plantadas 5 milhões de árvores em todo o mundo, que estão sob monitorização. Jane Goodall afirma, “o importante é que se plante a árvore certa, a espécie certa, na época certa do ano, e que cuidem delas”, afirma, criticando o facto de algumas empresas plantarem milhares de árvores “para dar uma boa aparência”, mas depois “ninguém cuidar e elas morrerem”.

“A coisa realmente importante que temos de fazer, se nos preocupamos com as emissões de carbono e com a sua redução, é proteger as florestas existentes, porque quando que elas se vão o carbono é libertado para a atmosfera. Devemos plantar árvores, restaurar e proteger as florestas”, defende.

Os dois especialistas falam ainda da importância de ensinar as comunidades locais a ter outro sustento de vida além de culturas agrícolas como a plantação de cacau, que sob a pressão do mercado promovem a desflorestação e põem em perigo a natureza e as espécies. “Graças ao nosso programa, as pessoas começaram a perceber que proteger o ambiente não é apenas pela vida selvagem, mas também pelo seu próprio futuro, por isso tornaram-se nossos parceiros”, revela Jane Goodall.

“Veja os danos que já causámos ao Planeta, as espécies estão-se a extinguir (…) nós não estamos imunes. Somos parte do mundo natural, dependemos dele e devemos salvá-lo. Devemos unir-nos, precisamos da tecnologia, da low tech, das comunidades, de tudo”, conclui a primatóloga.





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