WWF: “Um forte acordo para a biodiversidade deve seguir a inação climática” da COP27



No passado dia 20 de novembro, terminou mais uma cimeira climática mundial, a COP27, no Egipto. Apesar de avanços assinaláveis, por exemplo no que toca ao acordo de criação de um fundo para compensar financeiramente os países mais vulneráveis por perdas e danos relacionados com as alterações climáticas, algumas vozes criticam os líderes mundiais por terem ficado aquém do que seria de esperar, especialmente no que toca à redução das emissões de gases com efeito de estufa.

A organização internacional WWF considera que a comunidade internacional, reunida na COP27, falhou em mobilizar força para alcançar “um clima estável” e que limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius, como plasmado no Acordo de Paris de 2015, está a fugir do nosso alcance “com consequências desastrosos para o mundo”.

“Ao não chegarem a um acordo para abandonar progressivamente os combustíveis fósseis na COP27, os líderes falharam uma oportunidade para acelerar a eliminação dos combustíveis fósseis, mantendo-nos num caminho em direção à catástrofe climática”, alerta, em comunicado, Manuel Pulgar-Vidal, responsável de políticas de clima e energia da WWF.

Contudo, a organização salienta que não está tudo perdido e que os líderes mundiais “ainda podem ajudar a proteger o mundo natural, um dos nossos mais importantes aliados contra a crise climática” na cimeira global da biodiversidade, a COP15, que arranca no dia 7 de dezembro, em Montreal, no Canadá.

Dizendo que “um forte acordo para a biodiversidade deve seguir a inação climática” da COP27, a WWF argumenta que “depois de décadas de aprofundamento da perda de natureza devido às atividades humanas”, os governos do mundo que estarão na 15.ª conferência da Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica (CBD) devem “colocar o mundo natural no caminho da recuperação”.

A natureza, os ecossistemas e os serviços que esses fornecem às populações humanas, como ar puro, alimento e água, “são vitais”, salienta a organização, indicando que as soluções baseadas na natureza “são também um dos nossos principais aliados” para responder à crise climática. Exemplos disso são os manguezais que protegem as zonas e comunidades costeiras dos piores impactos de tempestades e as florestas que absorvem dióxido de carbono e emitem oxigénio, entre tantos outros.

“Não poderemos desacelerar as alterações climáticas se permitirmos que a crise da perda de natureza continue”, declara, alertando que “as alterações climáticas muito provavelmente tornar-se-ão a principal causa da perda de biodiversidade se não formos capazes de limitar o aquecimento a 1.5 graus Celsius”.

A Secretária-executiva da CBD, Elizabeth Maruma Mrema, acredita que “não podemos separar a crise da biodiversidade da crise climática” e que falhar em responder a uma é falhar na outra.

Por isso, diz a WWF, os líderes mundiais têm de conseguir “um acordo global positivo para a natureza que assegure que o mundo natural está em melhor estado em 2030 do que estava há uma década, com, pelo menos, 30% dos ambientes em terra, nos mares e de água doce protegidos”.

A par disso, as ações de proteção e restauro da natureza devem garantir os interesse e direitos humanos de todos os povos, que, para que essa recuperação seja bem-sucedida, devem participar e ter voz nos processos de tomada de decisão.





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