Zimbabué defende restauração urgente das zonas húmidas no âmbito da COP15

A ministra do Ambiente do Zimbabué, Evelyn Ndlovu, apelou a medidas urgentes para restaurar as zonas húmidas a nível mundial.
“As zonas húmidas não são um luxo ambiental, mas uma necessidade hidrológica, uma obrigação climática e um dever de desenvolvimento”, afirmou Ndlovu numa conferência de imprensa que antecede a 15.ª reunião da Conferência das Partes Contratantes da Convenção sobre as Zonas Húmidas (COP15), que decorrerá em Victoria Falls, oeste do país, entre 23 e 31 de julho.
A ministra defendeu a necessidade de adotar a declaração de Victoria Falls, que promove a recuperação das zonas húmidas como uma medida fundamental contra as alterações climáticas, e apelou à criação de um fundo mundial para financiar projetos de recuperação nos países em desenvolvimento.
Sob o tema “Proteger as zonas húmidas para o nosso futuro comum”, a conferência terá início uma semana depois de a Convenção sobre as Zonas Húmidas ter publicado um relatório que alerta para o facto de a perda destes ecossistemas poder custar ao planeta até 39 mil milhões de dólares (33 mil milhões de euros) em benefícios económicos e sociais.
As zonas húmidas fornecem água potável, alimentos, proteção contra inundações e armazenamento de carbono, e representam mais de 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, apesar de cobrirem apenas 6% da superfície terrestre.
No relatório adverte-se que, ao ritmo atual, um quinto das zonas húmidas do mundo poderá desaparecer nos próximos 25 anos.
Neste contexto, Ndlovu apelou à integração da proteção das zonas húmidas nas políticas dos países em matéria de clima e biodiversidade e anunciou o lançamento da plataforma digital “Global Wetland Watch”, que permitirá monitorizar em tempo real o estado destes ecossistemas.
A Convenção sobre as Zonas Húmidas, também conhecida como Convenção de Ramsar – em homenagem à cidade iraniana onde foi adotada em 1971 – é um tratado internacional que ajuda os seus 172 Estados-membros a protegerem os ecossistemas essenciais para a biodiversidade, a estabilidade climática, a segurança da água e o bem-estar humano.
A Convenção gere uma rede de 2.543 zonas húmidas de importância internacional, conhecidas como sítios Ramsar, que cobrem quase 260 milhões de hectares em todo o mundo.
O Zimbabué, que já possui sete sítios Ramsar, incluindo as Cataratas Vitória, comprometeu-se a designar cinco novas áreas protegidas até 2030 e a restaurar 250 000 hectares de zonas húmidas degradadas, anunciou Ndlovu.
Espera-se que a cimeira termine com resoluções sobre alterações climáticas, biodiversidade, agricultura e integração do género na gestão das zonas húmidas.