Investigador do Politécnico de Leiria integra consórcio científico aprovado como Ação da Década do Oceano pela UNESCO



O MegaMove é iniciativa científica global que reúne centenas de investigadores de ecologia espacial de espécies marinhas de todo o mundo, para a conservação dos ecossistemas marinhos através da mitigação estratégica de ameaças globais.

O consórcio internacional foi, recentemente, aprovado como Ação da Década do Oceano, pela UNESCO. A Década das Nações Unidas da Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030), visa apoiar uma nova estrutura cooperativa para cientistas e atores de diversas áreas desenvolverem parcerias e conhecimento científico necessários para alcançar uma melhor compreensão do sistema oceânico e garantir soluções baseadas na ciência de acordo com a Agenda 2030.

O MegaMove teve início em 2020 e a sua primeira iniciativa passou por reunir e compilar dados de movimentação de dezenas de espécies marinhas, obtidos por investigadores de todo o mundo, estando os mesmos a ser analisados para entender de que forma a atividade antropogénica pode influenciar o comportamento dessas espécies e como a conservação das mesmas pode ser otimizada com a informação ecológica recolhida. No âmbito desta ação, o investigador do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Politécnico de Leiria, André Afonso, assumiu um importante papel ao nível da recolha e compilação dos dados de movimentação do tubarão tigre no Atlântico Sul.

Uma outra iniciativa do projeto passa por identificar e quantificar as diferentes ameaças que colocam estas espécies marinhas em risco, por forma a guiar estratégias de conservação eficazes.

“Estes projetos e ações que se encontram a decorrer gerarão informação essencial para apoiar medidas de gestão que possam garantir a sustentabilidade dos ecossistemas marinhos e a conservação da biodiversidade, contribuindo assim para que a sociedade possa usufruir de mares mais saudáveis e equilibrados, o que é imprescindível se quisermos continuar a utilizar os oceanos como fonte de alimento”, explica André Afonso.

“A conservação de megafauna marinha, tipicamente migratória, só é possível trabalhando em larga escala, pois esses animais movimentam-se de tal forma que as ações locais não produzem efeitos concretos na sua conservação. Há muitos desafios a serem ultrapassados, já que as jurisdições nacionais não são homogéneas e o conhecimento científico sobre os recursos e respetivas ameaças encontra-se geralmente concentrado nos países mais desenvolvidos. Porém, com este tipo de consórcios globais, que aliam investigadores que trabalham com tecnologia de ponta capaz de rastrear os movimentos dos animais independentemente dos seus destinos, podemos monitorizar remotamente a forma como os recursos marinhos utilizam o meio marinho, dando-nos assim a oportunidade de prever onde os mesmos irão encontrar possíveis ameaças e, assim, proteger essas espécies da pressão humana a que se encontram sujeitas”, refere o investigador.

O primeiro trabalho desenvolvido pelo MegaMove, sobre a ecologia espacial de uma série de espécies marinhas, está previsto de ser publicado em 2022.





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