Quénia: Cerca electrificada é a mais recente ferramenta para poupar água



Uma cerca electrificada que percorre os cerca de 400 quilómetros no Parque Nacional de Aberdare, no Quénia, é a mais recente arma encontrada pelas autoridades locais e organizações não-governamentais do ambiente (ONGA) para lutar contra a falta de água que afecta mais de 12 milhões de pessoas na África oriental.

A cerca demorou 22 anos a ser construída e foi financiada, durante este período, através de uma parceria entre o Governo queniano e a Rhino Ark, uma ONG que apoia a biodiversidade no Quénia.

Aberdare é uma das chamadas “torres de água” do Quénia – há cinco, no total –, zonas altas florestadas que apanham o vapor e ajudam à formação de chuva. Por isso, milhões de pessoas dependem da água que corre destas colinas verdes: os pequenos agricultores locais, os vizinhos do Norte, as famílias da Nairobi, a capital queniana, e as indústrias do chá.

Cientistas da agência ambiental das Nações Unidas acreditam que esta “torre de água” valerá perto de 95 milhões de euros por ano [R$ 220 milhões], mas a cerca electrificada valerá mais: ela não só assegura parte do fornecimento de água para toda a Quénia como garante, ao separar animais selvagens e domésticos, a subsistência dos agricultores da região.

“As condições das próprias florestas podem ter uma influência nas condições climáticas extremas”, pode ler-se no último relatório da FAO, agência das Nações Unidas para a alimentação e agricultura.

“A cerca é apenas uma ferramenta. O ponto principal é a gestão. Estas torres de água não podem simplesmente desaparecer”, explica Colin Church, da Rhino Ark, a associação que está por trás de toda esta estratégia.

Segundo as Nações Unidas, a cerca permitiu à floresta crescer mais de 20% nos últimos cinco anos, ao servir de obstáculo para que os lenhadores e até agricultores entrem nestes terrenos, permitindo à terra a sua regeneração. Como resultado, a biodiversidade está mais estável.

Segundo Stephen Kusero, um dos cerca de 40 mil agricultores locais, a cerca é uma bênção. “A cerca é um presente para toda a comunidade. Antes, não podíamos semear nada – os animais consumiam toda a colheita. Mas desde que fizeram a cerca, os animais deixaram de vir para as nossas quintas”, reconhece o agricultor, que costumava assustar com tambores os macacos e elefantes que lhe comiam as couves e cenouras.

Mais do que palavras, vale a pena ver este vídeo do Financial Times, que relata com precisão (em inglês) os benefícios desta cerca electrificada. Uma grande lição de inovação e biodiversidade no Quénia.





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