Ler com intenção pode mudar a sua vida



A leitura é o caminho mais fácil para a aprendizagem contínua, ajuda a aumentar a empatia e incrementa a criatividade, para além de nos fazer esquecer aqueles dias mais longos e desgastantes. Os livros têm ainda o poder de alterar a nossa forma de pensar e de viver, como relata o artigo publicado pelo Quartz.

E há vários exemplos: o investidor Warren Buffet afirma passar 80% do seu tempo a ler e a escrever, atribuindo grande parte do seu sucesso a um só livro – “The Intelligent Investor”, do seu mentor Benjamin Graham. Para Malcolm Gladwell, foi Richard Niesbett e o seu livro “The Person and the Situation” o responsável pela série de best-sellers publicados no New York Times. Exemplos que o economista Tylher Cowen apelida de “livros terramoto” – pedaços de escrita tão poderosos que agitam e transformam a sua visão do mundo.

Enquanto autor e ávido leitor Ryan Holiday explica: “Qualquer que seja o seu problema, ele estará abordado num qualquer livro e escrito por alguém mais inteligente do que você.” Isto porque todas as histórias foram inspiradas, gravadas e publicadas por alguém em determinado momento. E, por detrás das histórias, os livros oferecem lições de vida – um conjunto de teorias comprovadas e anedotas que pode aplicar à sua própria vida. Assim, a importância de o porquê de ler e da forma como o faz.

Quantas vezes não acabamos de ler um livro e nos perguntamos: “o que acabei de ler?” Existe uma diferença entre o que lemos e o que somos capazes de fazer com aquilo que lemos. Estas duas coisas são completamente diferentes.

Compreender sobre qual é a melhor forma de usar o tempo despendido com a leitura começa na compreensão sobre aquilo que nos lembramos e sobre a melhor forma para usar essa informação.

Sem um propósito e sem uma intenção, as ideias que surgem, enquanto lemos, rapidamente desaparecem, pelo que aprender a “prendê-las” significa entender como funciona a nossa memória. Para reter a atenção podemos dizer que a nossa memória é constituída, essencialmente, por ter componentes: impressão, associação e repetição.

Ler para ficar impressionado e para impressionar outros
Quando ficamos impressionados com algo mais facilmente nos vamos lembrar do sucedido. Isto aplica-se a uma frase ou a uma citação que pode apanhar uma pessoa desprevenida ou que muda a sua forma de pensar sobre determinado tema, ou até mesmo aplicar-se a um facto que lhe despertou a atenção e que vai querer transmitir a terceiros. E mais facilmente se recordará do que leu quanto mais aplicado for na leitura.

Um estudo recente publicado no jornal Memory and Cognition revela os efeitos que a leitura com intenção e propósito pode gerar.

O estudo menciona a criação de dois grupos de trabalho a quem foi dado o mesmo material de leitura. A um grupo foi dito que no final da leitura teriam um teste e ao outro que iriam ensinar parte do que iriam ler. No final, ambos os grupos tiveram o mesmo teste e surpreendentemente o grupo a que fora dito que teria de ensinar parte do que lera teve um melhor desempenho. Este grupo preparou-se de forma mais eficaz e memorizou a informação mais importante a transmitir. Isto porque ter uma questão clara em mente ou o foco em determinado tópico pode fazer toda a diferença no que respeita à lembrança da informação.

Antes de ler
Leia resumos da obra se a sua intenção for aprender o “porquê” de um acontecimento; neste caso “o quê” é secundário. Construa uma “moldura” com o conhecimento que tem sobre o tema que vai ler e perspective o que será dito e como se relacionará com o tema principal.

Durante a leitura
À medida que vai lendo tenha um propósito específico em mente e não o perca. Vá tomando notas sobre o mesmo, aproveite as margens dos livros e marque as passagens principais para mais tarde poder fazer “follow up” do assunto. Estes truques tornam-no num leitor mais atento e activo enquanto o ajudam a manter a informação na sua memória.

Após a leitura
Envolva-se com o que leu. Escreva um sumário e a sua análise sobre o que leu e inclua as ideias principais que quererá usar mais tarde e a forma como os tópicos e as ideias, em que se focou, se relacionam com o que leu. Debate e apresente as suas notas finais.

Faça associações com o que realmente sabe
Uma associação é uma “etiqueta” que cria quando cruza informação sobre algo a um facto ou a um acontecimento, pelo que quando faz uma associação sobre o que lê mais fácil será encontrar, no seu cérebro, o que aprendeu. Assim, enquanto lê e cruza novas ideias e pensamentos a memórias que lhe são familiares está a ligar o antigo com o novo. E existem muitas maneiras para criar associações mentais: desde o relacionar pensamentos com objectos familiares, ao desenvolvimento de acrónimos ou à associação de uma memória a uma localização física ou visual.

Repetir, revisitar e tornar a envolver
O factor final determinante que influencia a nossa memória, e o mais importante na memória a longo-prazo, é a repetição, ou seja, a margem para recordar o que se aprendeu e aplicar o conhecimento é muito reduzida se não revisitar o que se leu. No entanto, isto não significa que tenha de ler o mesmo livro inúmeras vezes, apenas tem de ter um método de leitura, tirar e organizar as notas sobre as partes do livro que pretende revisitar mais tarde.

Como lêem as pessoas mais inteligentes
Os criativos de maior sucesso não lêem por gosto, lêem para aprender. Isto pode não parecer distintivo mas é. Ler com intenção é a soma de todas as partes da memória – significa que tem um objectivo específico (impressão), que pretende relacionar o que está a ler com outra informação (associação) e que é algo em que está a investir e que voltará a ter contacto (repetição).

Foto: Sebastien Wiertz / Creative Commons 






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