Análise: Gregos e espanhóis estão a esgotar os cursos de alemão
O Instituto Goethe, dedicado à aprendizagem e promoção da língua e cultura alemãs, nunca teve um ano tão bom, nos países do Sul da Europa, como 2011. Especialmente na Grécia e Espanha. E isso dá que pensar.
Segundo Gunther Schwinn-Zur, há 20 anos no instituto, a procura pelos cursos de línguas do Goethe subiu um terço em 2011, e até as delegações do instituto na Alemanha viram um acréscimo muito relevante no seu número de alunos vindos de outros países.
“A imagem da Alemanha melhorou substancialmente desde a crise global de 2007 e 2008. A economia [alemã] saiu desses anos com a economia a crescer”, argumentou Schwinn-Zur.
A conclusão até não parece muito complicada de fazer. O facto de a economia alemã ter saído da crise em bom estado está a levar muitos profissionais a equacionarem entrar no trabalho de mercado daquele País.
“Há pelo menos um grupo de profissionais que está a ter sucesso no meio desta crise da dívida pública Zona Euro, os professores de alemão”, explicava na semana passada o Financial Times.
Ao contrário de outros países da Zona Euro, a Alemanha não tem à sua frente anos de austeridade – e as suas empresas estão a passar por anos de expansão, não retracção.
E os números comprovam esta teoria. Em 2011 houve um forte aumento da emigração para aquele País, de acordo com as autoridades alemãs. No primeiro semestre do ano passado, antes de a crise da dívida pública se intensificar, mais de 435 mil pessoas trocaram os seus países pela locomotiva alemã – mais 19% que no mesmo período de 2010.
Entre os novos emigrantes destacaram-se, precisamente, os gregos (cerca de 9.000, um aumento de 84%) e os espanhóis (7.200, mais 50%).
Se Portugal está a incentivar a emigração para países como Angola e Brasil, a Alemanha parece ser a saída lógica para os recém-licenciados gregos ou espanhóis. Veremos porém, no médio e longo prazo, as consequências nefastas da fuga de cérebros dos países do Sul da Europa.
Há quem diga que estamos a hipotecar o nosso futuro para minorizar a austeridade do presente. E o leitor, o que acha?