APREN considera decisão do Parlamento Europeu um “retrocesso climático”



A APREN – Associação Portuguesa de Energias Renováveis já reagiu à aprovação da classificação da energia nuclear e do gás natural como sustentáveis por parte do Parlamento Europeu, tendo considerado esta decisão como um “retrocesso climático”. Em causa está o facto do Parlamento Europeu ter rejeitado, no passado dia 6 de julho, uma moção para se opor à inclusão de ambos enquanto atividades económicas ambientalmente sustentáveis, sob o Ato Delegado de Taxonomia da Comissão Europeia.

“Esta tomada de posição representa um retrocesso climático que põe em causa os compromissos já assumidos para travar as alterações climáticas, nomeadamente as metas do Acordo de Paris, com vista a limitar o aquecimento global a um aumento de 1,5 graus centígrados acima dos valores pré-industriais”, defende o Presidente da Direção da APREN, Pedro Amaral Jorge.

Por outro lado, a Associação louva a posição assumida por 18 dos 21 eurodeputados portugueses, que se manifestaram contra esta opção.

A APREN refere que a energia nuclear gera resíduos radioativos, o que iria provocar no país um difícil problema de gestão de resíduos perigosos, além das óbvias questões de segurança operacional face a eventuais desastres que as alterações climáticas poderiam potenciar. Além disso, as centrais nucleares levam entre 10 e 19 anos a serem construídas, desde o seu planeamento até ao início da sua operação, não refletindo, por isso, a urgência da transição energética. Esta considera colocar o gás natural como sustentável é “branquear as emissões de carbono” e que só contribuirá para adiar a tão urgente transição energética.

“Com este novo enquadramento será muito fácil que os países cumpram metas de energia verde, dando a ilusão de que estão no caminho da descarbonização, quando, na realidade, estão a afastar-se desse objetivo de uma forma que pode ser irreversível, como os cientistas têm alertado”, sublinha Pedro Amaral Jorge.

A invasão da Ucrânia por parte da Rússia veio mostrar que a Europa e o mundo têm que aprender a viver sem o gás natural. “A solução não é normalizá-lo encarando-o como energia sustentável, mas apostar em outros gases renováveis, como o hidrogénio verde ou o metano sintético”, enfatiza, esclarecendo ainda que “Ao abrir este precedente perigoso, que é contraditório face a tudo o que foi anunciado, a Europa arrisca-se a ver outros países do mundo a seguir o exemplo e priorizar o nuclear e ao gás natural em detrimento das renováveis que são as tecnologias que podem efetivamente garantir a transição energética”.

Para a Associação é lamentável que esta decisão entre em contraciclo face ao caminho inicialmente definido. “Desta forma está a perpetuar-se a dependência energética de combustíveis fósseis importados ao invés de privilegiar a aposta em recursos endógenos explorados in loco”, termina Pedro Amaral Jorge.





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