Porque é que a compra “zero waste” é o futuro do comércio?



Os resíduos plásticos são um problema cada vez mais crescente em todo o mundo. Poluem os nossos ecossistemas e ameaçam a biodiversidade e têm vindo a aumentar devido à diminuição dos níveis de reciclagem. Segundo o “Inhabitat”, em 2021, a sua reciclagem caiu para 5% nos Estados Unidos. Isto porque os países proibiram recentemente a importação de resíduos dos EUA para os seus próprios países, forçando a maior economia do mundo a geri-los adequadamente. Para combater tudo isto, o movimento zero waste (desperdício zero) está a ganhar popularidade. Um dos componentes do movimento é a introdução das lojas bring-your-own-container (BYOC). Estes espaços encorajam os consumidores a comprar produtos recarregáveis e artigos a granel para poupar dinheiro e proteger o ambiente.

Como funcionam as lojas de zero waste/BYOC?

As lojas zero waste e as BYOC funcionam de forma distinta, em função dos produtos que oferecem. No entanto, o seu estatuto permanece o mesmo. Ambas visam eliminar o mais possível os impactos negativos da deposição de resíduos no planeta. Embora a tentativa de não produzir resíduos seja impraticável e mesmo impossível, o movimento desperdício zero encoraja a estar mais atento à forma como consumimos os produtos.

Segundo o “Inhabitat”, dependendo dos produtos oferecidos, a abordagem de cada loja será diferente. Algumas, tais como as que vendem produtos de beleza ou de limpeza, oferecem recargas para artigos. Quando se compra o produto pela primeira vez, este vem com uma embalagem reutilizável e recarregável que pode ser reabastecida a partir de caixas ou dispensadores na loja.

Outras lojas, tais como as que vendem produtos secos, oferecem opções de compra a granel que permitem aos consumidores trazer recipientes de casa. Pode encher com os produtos de que necessita e, a seguir, volta a pesar os artigos para pagar as quantidades de produtos nas suas embalagens reutilizáveis.  Para estes artigos, taparueres, embalagens de gelado e frascos de vidro são “excelentes” para os artigos de que necessita.

Ao reduzir os custos de embalagem, estas lojas oferecem artigos a preços mais acessíveis do que os produtos de papel/cartão, metal ou plástico. “Embora algumas destas embalagens possam ser recicladas ou biodegradadas ao longo do tempo, grande parte delas acaba em aterros sanitários. Algumas delas são incineradas em instalações de valorização energética de resíduos. No entanto, este processo leva a um aumento das emissões de gases com efeito de estufa na atmosfera. Ao fazer compras em lojas de desperdício zero, podemos evitar os problemas causados pelo desperdício excessivo e pela falta de gestão de resíduos”, explica o site.

Os prós e os contras de trazer o seu próprio recipiente e das lojas de resíduos zero

Os prós

Uma das principais vantagens que as BYOC e as lojas zero waste têm é “limitar a utilização de materiais de embalagem, particularmente aqueles que são de utilização única”. Em vez disso, optar por recipientes de vidro, metal ou madeira “é uma escolha mais sustentável”. Estes artigos “são mais fáceis de reciclar no final do seu ciclo de vida e reduzem a produção de plástico com consumo intensivo de energia”. Em geral, ao optar por recipientes de utilização múltipla, “podemos reduzir a contaminação ambiental que resulta da produção de plástico e dos resíduos de embalagens. Ao fazê-lo, também se reduz a energia para produzir embalagens não reutilizáveis”, sublinha o “Inhabitat”.

Segundo a mesma fonte, uma vez que os custos de embalagem são cortados graças a embalagens recarregáveis e opções BYOC, os clientes “podem poupar dinheiro nos artigos de que necessitam”. Isto porque em vez de comprar um produto inteiramente novo com novas embalagens, as pessoas estão apenas a pagar pelas suas recargas, o que torna os artigos “consideravelmente mais baratos”.

A utilização dos seus próprios recipientes nas mercearias ajuda a combater o desperdício de alimentos porque os consumidores são encorajados a comprar apenas aquilo de que necessitam. Isto inclui compras únicas, como quando se faz uma receita específica que requer ingredientes que não são utilizados com frequência. A utilização de recipientes pessoais também encoraja os clientes a experimentar novos artigos em pequenas quantidades. Isto pode variar desde produtos de beleza a alimentos e permite que as pessoas testem os artigos antes de se comprometerem a compras maiores, que de outra forma podem ir para o lixo.

Os contras

Infelizmente, acrescenta o site, há alguns contras a este tipo de lojas. Dependendo da região e do mercado-alvo, as lojas BYOC e lojas de resíduos zero podem ser difíceis de encontrar. Por vezes, as pessoas optam por viajar mais longe para aceder a estes tipos de serviços. Contudo, apesar destas boas intenções, as emissões de gases com efeito de estufa produzidas pelo transporte “podem agravar os impactos ambientais da compra de artigos sem embalagem”. Em vez disso, “é melhor optar por produtos de origem sustentável e amigos do ambiente dentro do seu local de residência”, aconselha o “Inhabitat”.

 

Outro inconveniente, acrescenta, é que os contentores multi-uso/recarregáveis, tais como os feitos de metais, madeira ou vidro, são de produção intensiva de energia. Consequentemente, isto “pode resultar num aumento das emissões de gases com efeito de estufa, dependendo dos métodos de produção. Assim, estes recipientes reutilizáveis precisam de ser utilizados várias vezes para compensar os impactos ambientais negativos do seu fabrico”.

Encontrar lojas de zero waste ou BYOC perto de si. Maria Granel foi a primeira em Portugal

Encontrar lojas que incentivem o reabastecimento e opções BYOC pode ser um desafio, mas o site deixa algumas dicas. Uma das formas mais fáceis de encontrar este tipo de lojas é pesquisar online por “lojas zero waste perto de mim”. Desta forma, os motores de busca podem utilizar a sua localização para lhe fornecer opções dentro da sua área.

Em Portugal, a Maria Granel foi a primeira zero waste store e uma das pioneiras no mundo a adotar o sistema BYOC – bring your own container. um sistema bastante simples, que pode ser realizado em apenas três passos:

  • Levar os nossos sacos de pano e frascos de vidro, medi-los e tirar as suas taras na loja (o espaço vende vários sacos e frascos, no caso de nos esquecermos dos nossos);
  • Enchê-los com as quantidades desejadas dos vários produtos que se encontram organizados em dispensadores e caixas por toda a loja;
  • Levar tudo até ao balcão e pagar!

Deveriam as lojas de zero waste/BYOC ser a nova norma?

Para o “Inhabitat”, a resposta curta é sim, elas devem ser. A simples incorporação de opções de recarga e/ou compra a granel em supermercados regulares pode reduzir significativamente as emissões de produção de embalagens e a poluição por resíduos de embalagens. Através de opções de compra mais sustentáveis, somos lembrados de como as nossas ações afetam o planeta e somos encorajados a estar mais atentos às nossas práticas como consumidores.

 





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