“Não é possível limitar aquecimento global a 1,5 graus sem proteção e restauro da natureza”, alertam ‘campeões’ do Acordo de Paris



Quatros dos principais responsáveis pela conceção do Acordo de Paris, adotado pelos países das Nações Unidas na cimeira climática de 2015, instam os líderes mundiais a assumirem o compromisso para com “um entendimento global ambicioso e transformativo” semelhante na cimeira da biodiversidade, a COP15, que se realiza em dezembro em Montreal, no Canadá.

Sentenciando que “não há é possível limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius sem ação para proteger e restaurar a natureza”, Laurent Fabius, presidente da COP21, Manuel Pulgar-Vidal, presidente da COP20, Christina Figueres, líder da Convenção Climática das Nações Unidas (UNFCCC) entre 2010 e 2016, e Laurence Tubiana, representante especial de França para as alterações climáticas, assinaram uma carta aberta na qual afirmam, sem margem para dúvidas, que só podemos “esperar alcançar a promessa do Acordo de Paris” se “tomarmos ações urgentes para travar e reverter a perda de natureza” até 2030. E esses esforços devem acontecer ao mesmo tempo que “rapidamente descarbonizamos as nossas economias”.

Os ‘campeões do Acordo de Paris’ salientam que as alterações climáticas estão a tornar-se uma das principais causas da perda de biodiversidade e a acelerar a destruição dos ecossistemas, sendo que são “as comunidades mais vulneráveis que sofrem os maiores impactos da perda de biodiversidade”.

Ecoando as palavras de Elizabeth Maruma Mrema, Secretária-executiva da Convenção das Nações Unidas para a Diversidade Biológica, dizem-nos que “as agendas climática e da natureza estão interligadas”.

Olhando para a COP27, que se aproxima do fim, os quatro signatários defendem que os Estados “devem ir ainda mais longe no reconhecimento do papel fundamental da natureza como parte da solução climática” e precisam de “catalisar medidas concretas para proteger e restaurar a natureza para o bem de todos”.

Por outro lado, argumentam que a cimeira da biodiversidade, a COP15, “oferece uma oportunidade sem precedentes para que o mundo inverta a tendência de perda de natureza”, mas para isso é preciso que haja “liderança ousada”.

“Os líderes têm de garantir um acordo global para a biodiversidade que seja ambicioso, suportado pela ciência e abrangente, tal como o Acordo de Paris o é para as alterações climáticas”, escrevem, assinalando que agora é preciso um “forte acordo-irmão” que seja capaz de garantir a proteção da natureza e a reversão das perdas de diversidade biológica até 2030.





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