Empresas do BCSD Portugal pedem mais ambição para acelerar transição para a bioeconomia circular
O BCSD Portugal e mais de 60 empresas associadas juntam-se num manifesto e pedem que a COP15 da Biodiversidade seja um momento de viragem para o reconhecimento da importância da natureza para a economia mundial.
Hoje, metade da economia mundial depende de capital natural, como matérias-primas, mas a delapidação dos ecossistemas e a perda de biodiversidade encontram-se no “topo dos riscos ambientais globais, a par das alterações climáticas”, sublinha o BCSD em comunicado.
Segundo a mesma fonte, a COP15, que terá lugar em dezembro, na cidade de Montreal, tem como principal objetivo a adoção de uma Estratégia Global para a Biodiversidade Pós-2020, para travar a perda global de biodiversidade até 2030 e promover a recuperação dos ecossistemas naturais. Para o BCSD Portugal, este enorme desafio “obriga à convergência ativa de todos: setor público, setor privado, universidades, sociedade civil e cada um de nós individualmente”.
No manifesto apresentado pelo BCSD Portugal, as empresas são chamadas a contribuir para a consciencialização coletiva sobre a importância da biodiversidade, partilhando as boas práticas e a construindo parcerias positivas. Paralelamente, “devem estabelecer planos de ação com metas claras, ambiciosas e alinhadas com a ciência de valorização da biodiversidade e do capital natural, bem como adotar sistemas de reporte de riscos e impactes, procurando que os seus modelos de negócios sejam regenerativos, isto é, tenham um impacte positivo na biosfera”.
Aos poderes público, nomeadamente aos governos, o BCSD Portugal pede incentivos e reconhecimento para as empresas que melhor cumpram e medidas eficazes que assegurem a proteção da biodiversidade e dos ecossistemas, e o restauro e valorização do capital natural.
Como sublinha o manifesto, “o desafio do combate às alterações climáticas depende também e em larga escala do contributo da natureza. Sem os ecossistemas e a biodiversidade que compõem a biosfera não haveria vida humana no planeta Terra”.
O último relatório do Painel Intergovernamental para a Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas (IPBES) sobre o uso sustentável de espécies selvagens e os diversos serviços de natureza concluiu que a situação é critica para cerca de 50 mil espécies de flora e fauna usadas para dar resposta a necessidades humanas, como a alimentação e a saúde.
Um mês depois dos seus membros lançarem o manifesto “Rumo à COP27”, a mobilizar para a ação climática, o BCSD Portugal lança agora um novo manifesto, no qual defende que “urge reverter a perda de biodiversidade global e transitar, através da inovação, para um paradigma de economia regenerativa ou ‘nature positive’. A valorização do capital natural tem de ser uma dimensão chave dos negócios, dos sistemas económicos e do nosso modelo de desenvolvimento.”
João Meneses, secretário-geral do BCSD Portugal, quer que na COP15 da Biodiversidade, que decorre em dezembro em Montreal, no Canadá, “seja decidido um reforço dos incentivos à transição para um novo paradigma de bioeconomia circular e de baixo carbono, assente em matérias-primas preferencialmente de origem biológica, renováveis e com níveis de desperdício próximos de zero”.
Ao nível das empresas, o secretário-geral do BCSD Portugal, considera “fundamental que seja garantido a monitorização e divulgação das dependências e impactes nas cadeias de valor sobre o capital natural, permitindo aos seus clientes e investidores tomar decisões de consumo e investimento mais informadas”.