Aquecimento global ameaça estrela-do-mar que se alimenta de corais



A estrela-do-mar-coroa-de-espinhos é um invertebrado marinho, parente das já familiares estrelas-do-mar, que se encontra predominantemente nos oceanos Índico e Pacífico. Com um aspeto ameaçador, pode ter até 35 centímetros de diâmetro e ter entre oito e 21 braços repletos de espinhos venenosos.

Por se alimentar sobretudo de corais, pode estar em risco devido ao aquecimento global, que está a dizimar populações inteiras de corais em todo o mundo, ameaçadas por um fenómeno conhecido como ‘branqueamento’, que ocorre quando os corais expulsam as suas algas simbióticas por causa do aumento da temperatura da água, deixando-os desprovidos de cor.

A estrela-do-mar-coroa-de-espinhos, do género Acanthaster, tem sido apontada como uma das principais causas da destruição dos recifes, especialmente na Grande Barreira de Coral, devido ao seu apetite voraz.

Agora, um estudo de uma investigadora da Universidade James Cook, na Austrália, publicado na revista ‘Springer’, revela que esse invertebrado pode vir a tornar-se mais uma das inúmeras vítimas das alterações climáticas.

“Em estudos anteriores, descobri uma alta taxa de mortalidade das [estrela-do-mar-coroa-de-espinhos] adultas quando a temperatura da água atinge os 32 graus Celsius”, explica Bethan Lang, estudante de doutoramento e líder da investigação, citada em comunicado dessa universidade. O objetivo era perceber como o aumenta da temperatura do mar pode afetar o desenvolvimento das larvas desses invertebrados marinhos.

Nos primeiros estádios de desenvolvimento, as estrela-do-mar-coroa-de-espinhos são o que os cientistas chamam de larvas planctónicas, minúsculos organismos que flutuam nas correntes marítimas e que fazem parte do plâncton. Para poderem crescer, as larvas têm de se juntar às algas que cobrem a superfície dos recifes.

As observações feitas por Lang permitiram perceber que em temperaturas até 34 graus Celsius essa anexação entre larva e alga não é afetada. Contudo, à medida que as larvas se sofram desenvolvendo é que a cientista começou a detetar problemas.

Em águas entre os 30 e os 32 graus, a sobrevivência dos juvenis de estrela-do-mar-coroa-de-espinhos, já depois do estádio larvar, era “muito inferior” quando comparado com temperaturas mais baixas.

Essas temperaturas foram já sentidas na Grande Barreira de Coral e as chamadas ‘ondas de calor marinhas’, período em que a temperatura da água regista valores muito acima do normal, “estão a tornar-se mais frequentes e intensas” nessa região do planeta.

Por isso, prevê-se que, à medida que o aquecimento global faz subir as temperaturas a nível global, as populações de estrela-do-mar-coroa-de-espinhos sofram duras perdas, com as estimativas a apontarem que a temperatura das águas mais superficiais dos oceanos (onde se encontra a maioria dos corais e da biodiversidade que eles suportam) poderá chegar quase aos 34 graus até 2100.

“O aumento da frequência e intensidade do branqueamento dos corais e os eventos de mortalidade”, e a consequente redução da disponibilidade dos corais dos quais se alimentam, “pode prejudicar ainda mais a viabilidade das populações” da estrela-do-mar-coroa-de-espinhos, escrevem os autores.

Apesar de isso poder ser considerado boas notícias para os corais, que estarão expostos a uma menor pressão da predação dessas estrelas-do-mar, Lang alerta que poderemos observar a migração desses animais invertebrados para zonas marinhas mais frescas, sobretudo para recifes mais a sul, que ficarão, assim, mais vulneráveis.





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