Reduzir anestesias durante cirurgias pode ajudar no combate às alterações climáticas? Especialistas dizem que sim



Estima-se que os anestésicos gasosos que são administrados aos pacientes durantes as cirurgias sejam responsáveis por entre 0,01% e 0,10% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2). Em termos de pegada carbónica, o gás inalado numa cirurgia com duração de uma hora emite tantos gases com efeito de estufa quanto uma viagem de carro de cerca de 750 quilómetros.

A conclusão é de uma investigação realizada pela Sociedade Americana de Anestesiologistas e foi apresentada este fim de semana em Orlando, nos Estados Unidos, numa cimeira do setor. E é por isso que a associação profissional diz que “os anestesiologistas têm um papel a desempenhar na redução das emissões de gases com efeito de estufa que contribuem para o aquecimento global”, explica em comunicado.

E aponta que isso pode ser feito ao reduzir a quantidade de gás anestésico dado aos pacientes, sem com isso colocar em risco a sua segurança e o seu bem-estar.

Apesar de a contribuição das anestesias gasosas para o aumento da temperatura média do planeta Terra poder parecer quase insignificante, Mohamed Fayed, que coordenou o estudo, considera que qualquer contribuição para o aquecimento global, por mais pequena que seja, deve ser combatida.

“Enquanto anestesiologistas, podemos contribuir significativamente para essa causa ao fazer pequenas mudanças nas nossas práticas diárias – como reduzir o fluxo de gás anestésico – sem afetar o bem-estar do paciente”, salienta.

O estudo indica que o desflurano é um dos gases anestésicos que mais contribui para o aquecimento global, de entre toda a gama de anestesias de inalação. Por isso, os investigadores estão a promover ações de formação junto dos anestesiologistas para que deixem de usar esse gás durante a suas cirurgias.

“Durante muito tempo, existia a noção de que o feito de estufa causado pelo setor da saúde era um preço inevitável e incontornável da prestação de cuidados ao paciente”, afirma Fayed. Mas agora, e cada vez mais, “sabemos que reduzir os fluxos de gás anestésico é uma de muitas formas que o setor da saúde pode reduzir a sua contribuição para a crise do aquecimento global”, além da redução dos resíduos, de uma maior eficiência energética.





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