Açores pedem cooperação de países da UE na transição verde e no combate à pobreza



O vice-presidente do Governo Regional dos Açores, Artur Lima, apelou ontem aos embaixadores da União Europeia acreditados em Lisboa que apoiem a região em projetos de reforço das energias renováveis e de combate à pobreza.

“Um dos projetos-piloto que poderia ser trabalhado e estudado teria que ver com o estabelecimento de uma rede de transporte de energia renovável por cabo submarino entre as ilhas do grupo central dos Açores, Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial, para evitar desperdícios de energia produzida, redistribuindo e partilhando o potencial energético por estas cinco ilhas”, adiantou Artur Lima, num discurso, em inglês, na cerimónia de receção dos embaixadores, em Angra do Heroísmo.

Uma delegação composta por representantes de 15 embaixadas de países das União Europeia em Portugal visita até sexta-feira as ilhas Terceira e São Miguel, nos Açores, por iniciativa da embaixadora da Suécia, país que detém a presidência do Conselho da União Europeia no primeiro semestre de 2023.

Na cerimónia de receção, no Palácio dos Capitães-Generais, em Angra do Heroísmo, Artur Lima apelou à “cooperação” entre regiões para estudar uma solução de partilha de energia renovável entre ilhas, que permita “reduzir emissões de CO2, diminuir a dependência de combustíveis fósseis e avançar com a transição climática”.

O presidente da Eletricidade dos Açores (EDA), empresa detida em 50,1% pela Região Autónoma dos Açores, disse, a 13 de março, que transportar eletricidade por cabos submarinos na região não era “técnica e economicamente viável”.

Nuno Pimentel lembrou que a região já tinha tentado instalar, sem sucesso, um cabo submarino para partilha de energia entre as ilhas do Pico e do Faial, na década de 80, alegando que a região não tinha “fundos marinhos adequados” para soluções deste tipo.

Questionado sobre estas declarações, Artur Lima frisou que o importante é estudar soluções para evitar que se desperdice energia renovável, como acontece atualmente na ilha Terceira, que fica a 15 milhas da ilha de São Jorge.

“A EDA é uma empresa comercial, diz o que tem a dizer, eu sou vice-presidente do Governo Regional dos Açores, tenho de procurar soluções inovadoras, uma mudança de paradigma e soluções novas e inovadoras. Será estudado. Se for viável, será implementado, se não for viável, estudamos e avançamos para outra solução. O que não podemos estar é totalmente dependentes de energias fósseis”, apontou.

O vice-presidente do executivo açoriano apelou ainda, “com toda a humildade”, aos embaixadores para que trabalhem em conjunto na “definição de uma nova visão para combater o abandono escolar precoce, as desigualdades e a pobreza” nos Açores, lembrando que o arquipélago ainda está “na cauda da Europa” nestes indicadores.

“Não seria, por exemplo, inovador uma partilha do conhecimento e da experiência de organismos e institutos dos vossos países para, assim, nos ajudarem a encontrar as melhores soluções para enfrentar problemas sociais persistentes? Uma nova visão para enfrentar a pobreza deveria merecer a criação de um programa de apoio comunitário específico, com fundos próprios e com um cronograma de execução sensível aos constrangimentos insulares”, afirmou.

Artur Lima revelou aos jornalistas que os embaixadores se mostraram “muito recetivos” às propostas dos Açores e disse esperar que surja “alguma resposta positiva”.

Questionada, no final do evento, sobre os desafios lançados pelo vice-presidente do Governo Regional, a embaixadora da Suécia em Portugal, Elisabeth Eklund, admitiu estudar uma possível cooperação.

“É um assunto que vamos discutir entre nós e com os nossos governos e regiões. Sei que os Açores têm beneficiado de muito apoio da União Europeia, o que é excelente. Foi uma boa proposta e será discutida com os colegas”, avançou.





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