Alterações climáticas: Florestas mediterrânicas em risco de desaparecerem “no futuro próximo”
As florestas da zona do Mediterrâneo, além de serem pontos de concentração de uma elevada biodiversidade, são fundamentais para proteger os solos dos poderes erosivos dos elementos, para regular o clima e os ciclos da água e para fornecer alimento e madeira. Mas as alterações climáticas podem colocar um fim a tudo isso muito em breve.
Cientistas da Alemanha, França, Reino Unido e Grécia juntaram-se para compreender como as florestas mediterrânicas se comportaram perante alterações climáticas ao longo dos últimos 500 mil anos, analisando grãos de pólen fossilizados em amostras geológicas e que preservam vestígios das condições ambientais de tempos idos.
“Como [as florestas mediterrânicas] são excecionalmente sensíveis a alterações climáticas, aumenta a preocupação sobre a sua sobrevivência por causa das emissões antropogénicas de [dióxido de carbono] e o aquecimento global associado”, explica Andreas Koutsodendris, investigador do Instituto de Ciências da Terra da Universidade de Heidelberg, e primeiro autor de um artigo publicado recentemente na ‘Nature Communications’.
Os cenários climáticos previstos para o final deste século apontam para alterações “sem precedentes” na composição e estrutura dessas florestas que “causarão disrupção dos serviços de ecossistemas e despoletarão perda de biodiversidade”, pode ler-se no artigo publicado.
As florestas mediterrânicas, devido ao aumento da temperatura e à falta de chuva, chegaram mesmo, no passado, a transformar-se em estepes, e, se nada for feito para aplacar as emissões de gases com efeito de estufa gerados pelas atividades humanas, nada impede que tal se venha a repetir.
“No passado, uma redução da chuva de 40% para 45% foi suficiente para desencadear uma transição repentina da floresta para biomas estépicos em condições naturais”, argumenta Koutsodendris.
“A região do Mediterrâneo é caracterizada por um mosaico de florestas subtropicais e temperadas que prosperam em condições de stress hídrico”, escrevem os investigadores, mas essa resiliência pode vir a ser testada até ao limite “no futuro próximo”, visto que as previsões apontam para a diminuição continuada da humidade do ar e no solo e para mais intensos e frequentes fenómenos de seca severa.