Cascais estima recolher mais de 4 mil toneladas de restos de comida em 2024
Cascais apresentou esta quinta-feira os resultados preliminares da recolha de restos de comida em sacos verdes. Na conferência “O Peso dos Biorresíduos”, que decorreu no Mercado da Vila, e que contou com a presença do Secretário de Estado do Ambiente, Hugo Polido Pires, representantes da autarquia da empresa municipal responsável pela gestão de resíduos Cascais Ambiente e da Tratolixo “demonstraram que a escolha de um sistema que se baseia na separação doméstica e na deposição dos sacos verdes nos contentores de lixo indiferenciado tem dado frutos”, foi divulgado em comunicado.
Até ao momento, acrescenta a mesma fonte, Cascais tem 10 circuitos de camiões de recolha abrangidos por este sistema, cerca de 30 mil famílias aderentes e conseguiu recolher para reciclar 511 toneladas de restos de comida em sacos verdes, o que corresponde a 22% do potencial de recolha.
A empresa estima que até ao final ano de 2023, com um crescimento médio de 17 mil pessoas por mês, seja possível atingir as 2408 toneladas nesta recolha. A Cascais Ambiente espera ainda, no ano 2024, chegar às 4332 toneladas de restos de comida que deixem de ir parar a aterro e passem a ser utilizadas para produção de energia e fertilizante.
Luís Almeida Capão, Presidente da Cascais Ambiente, salientou que “o nível de pureza do conteúdo dos sacos verdes é tão bom que nos permite afirmar que os munícipes estão a fazer um ótimo trabalho”. O responsável explicou que “a sensibilização porta-a-porta é um fator decisivo para o sucesso desta recolha que vai ser obrigatória por lei em 2024. A comunicação com uma mensagem clara e a adaptação do discurso a cada uma das pessoas que abre a porta às nossas equipas tem-se revelado um aspeto essencial.”
Para o presidente da empresa municipal a recolha de biorresíduos em sacos verdes no contentor do lixo indiferenciado é uma oportunidade para aumentar as taxas de separação dos outros materiais recicláveis e uma metodologia que permite pensar em novos fluxos a serem recolhidos em cocoleção. “Estamos a preparar a recolha de têxteis e de têxteis sanitários também com sacos de cor colocados no contentor do indiferenciado.”
Nuno Soares, presidente da Tratolixo, afirmou que no processo de escolha de um sistema conjunto de recolha de biorresíduos para reciclagem “houve articulação entre a alta e a baixa em termos de investimento para encontrar a melhor solução.” Para Nuno Soares, “55 % do indiferenciado são biorresíduos, logo apostar nos biorresíduos é chave para alcançar as metas.” O presidente comprometeu-se a “aumentar capacidade de tratamento e a eficiência dos processos, a partir de julho, data em que esperamos concluir a central de triagem ótica, que está em fase final, e entrar em fase de testes.”
Joana Balsemão, vereadora do Ambiente de Cascais, realçou a “taxa de adesão espetacular – é um fenómeno muito interessante o facto de o projeto ligado aos resíduos resultar em reumanização” e relembrou o papel do Estado Central apelando ao Secretário de Estado do Ambiente as necessidades de investimento. “Sem o POSEUR não estaríamos aqui”. “É um desafio conjunto”, afirmou ainda a autarca.
Na intervenção final o Secretário de Estado do Ambiente, Hugo Polido Pires deu os “Parabéns a Cascais, que tem estado à frente e liderado este processo (…) também nos transportes são inovação e nos biorresíduos são os que estão mais à frente nesta transição.” O SEA afirmou estar “muito preocupado, temos de acelerar, temos um grande objetivo, temos de acelerar esse processo. Cascais está no pelotão da frente. Vou dizer sempre [aos outros municípios] ‘vão a Cascais e percebam o que eles estão a fazer’.” Para o SEA é necessário “acelerar esta transição para uma economia mais sustentável (…) apostar na economia circular e que nos dá mais soberania.” Hugo Polido Pires disse ainda que “estes sistemas não são sistemas de deposição, mas [sim] fábricas de materiais. O resíduo é um recurso fora do lugar” e anunciou a aprovação a curto prazo do novo quadro Unilex, que regulará novos fluxos específicos como os têxteis, o calçado e os monos. “Em Cascais podem contar com o Governo e vamos organizar visitas para que outros possam vir ver o que está a ser feito.”
A recolha de biorresíduos vai ser obrigatória em Portugal a partir de 31 de dezembro de 2023. A recolha seletiva em sacos verdes baseia-se na separação doméstica dos restos de comida, na deposição dos sacos verdes no contentor dos resíduos indiferenciados e na utilização dos mesmo camiões para a recolha.
Uma vez depositada na central de triagem e tratamento da Tratolixo, os sacos verdes são separados do restante conteúdo dos camiões e encaminhados para produção de composto e energia. Cascais tem neste momento 30 mil famílias abrangidas pelo sistema de recolha e estima cobrir todo o território até ao final do ano.