Entrevista a Jose Martos: Estudantes mostraram que “é possível aliar a construção sustentável às grandes tendências e exigências da vida urbana”



Portugal conquistou o 2º prémio no “International Saint-Gobain Architecture Student Contest”, promovido pela Saint-Gobain. A iniciativa propôs aos seus concorrentes – estudantes de arquitetura de todo o mundo – a realização de um projeto arquitetónico alicerçado na sustentabilidade e na economia circular, idealizado para um terreno pertencente ao município de Lisboa, incluído no Plano de Pormenor do Aterro da Boavista.

Em entrevista à Green Savers, Jose Martos, CEO da Saint- Gobain em Portugal, fala sobre o objetivo do projeto, explica porque escolheram Lisboa para acolher o desafio e sublinha que os estudantes mostraram que “é possível aliar a construção sustentável às grandes tendências e exigências da vida urbana”.

– Qual o objetivo do concurso “International Saint-Gobain Architecture Student Contest”?

O Concurso para Estudantes de Arquitetura da Saint-Gobain foi idealizado para os estudantes de arquitetura adquirirem experiência profissional e descobrirem a importância da sustentabilidade na construção moderna. Organizado pela primeira vez em 2004 pela Saint-Gobain Isover, na Sérvia, tornou-se um evento internacional em 2005.

O concurso divide-se em duas fases, sendo a primeira a fase nacional organizada por país com as universidades locais e gerida localmente pelos responsáveis da insígnia. O projeto vencedor na primeira etapa é convidado a participar na fase internacional gerida pela equipa internacional da Saint-Gobain.

– Porque é que escolheram Lisboa para acolher o desafio de projeto arquitetónico a propor aos concorrentes e a fase final do concurso promovido pela Saint-Gobain?

A Saint-Gobain tem uma forte pegada de inovação e talento em Portugal, pelo que nos fez sentido que a 18ª edição do concurso decorresse na capital. Por outro lado, este concurso dirigido aos estudantes de arquitetura liga vetores que estão muito alinhados com a visão do município para a cidade: da ciência e tecnologia, sustentabilidade, à arte e cultura, numa mistura da tradição com a modernidade, pensando novos usos para velhos espaços abandonados.

– Porque é que escolheram um terreno incluído no Plano de Pormenor do Aterro da Boavista?

O desafio do da 18ª edição do Concurso Internacional de Estudantes de Arquitetura Saint-Gobain consiste na renovação de um edifício já existente incluído no Plano de Pormenor do Aterro da Boavista a ser reutilizado para um novo espaço cultural, bem como um novo projeto residencial e o desenho urbanístico do espaço público que liga estes edifícios. O conjunto do projeto deveria ser integrado cultural e socialmente dentro da área urbana do que está localizado.

O projeto para o terreno pertencente ao município foi escolhido em articulação com o mesmo e está dividido em três partes: reabilitação de um edifício, transformando-o numa videoteca, que disponibilizará um arquivo de vídeo da cidade aberto ao público e investigadores. Este incluirá um auditório, sala de exposições, cafetaria e outras áreas de serviço. Será ainda projetado um novo edifício para atividades comerciais e para habitação e o espaço exterior que liga estas duas propostas.

– O que é que estes projetos arquitetónicos alicerçados na sustentabilidade trazem para Portugal e, em concreto, para Lisboa?

No fundo, trazem a visão da Saint-Gobain de contribuir para uma construção moderna e sustentável para as cidades. O desígnio desta proposta tem como visão uma Lisboa climaticamente neutra, mediante a conceção de uma proposta economicamente viável, caracterizada por soluções que garantam que centro urbano é altamente atrativo para os jovens e para a comunidade local.

– Quantos estudantes e quantas universidades envolveu o concurso?

Nas fases nacionais dos vários países a concurso registaram-se 1300 estudantes de 30 países de mais de 160 universidades, dos quais foi selecionado um projeto por país para concurso na fase internacional.

– O projeto ‘The Contemporary Pombalina House’, de Mariana Sousa e Rafael Gonçalves, estudantes do Mestrado Integrado em Arquitetura da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), venceu a etapa portuguesa do “International Saint-Gobain Architecture Student Contest”. O que é que destaca neste projeto?

O projeto vencedor na fase nacional intitulado “The Contemporary Pombalina House” baseou-se no modelo de uma casa pombalina, utilizando soluções Saint-Gobain com baixas emissões de CO2 para responder aos critérios de sustentabilidade exigidos. Foi um enorme orgulho ver os nossos estudantes de arquitetura usarem termos como economia circular ou carbono neutro. Na minha opinião, foi um projeto muito bem conseguido e que poderia perfeitamente ser executado na cidade de Lisboa.

– De que forma é que os concorrentes poderão deixar a sua marca sustentável em Lisboa?

Este é um concurso que vai mais além e pensa nos problemas urbanos, tentando resolvê-los sempre com a premissa da sustentabilidade. A construção sustentável é a grande ideia que a Saint-Gobain quer promover com a sua atividade, aliada ao bem- estar do individuo e à eficiência energética. Os estudantes tiveram o grande desafio de promover uma arquitetura mais sustentável para a cidade mediante a reabilitação de um edifício, a projetação de um novo edifício e o desenvolvimento dos espaços públicos.
No fundo, mostraram-nos que é possível aliar a construção sustentável às grandes tendências e exigências da vida urbana.
– Qual o papel da Arquitetura em relação aos grandes desafios que a crise ambiental e
as alterações climáticas estão a lançar a nível global?

Vivemos tempos de urgência ambiental e climática pelo que acredito que a sustentabilidade é o futuro. Apenas se pensarmos em edifícios com menor impacto para o ambiente, mais duráveis, circulares e eficientes, trabalhando com outras indústrias para gerar soluções com menor impacto ambiental é que deixaremos um legado para as gerações futuras.

– Para ser sustentável, qualquer projeto deve ser…

• Eficiente energeticamente
• Fazer uso de vários espaços verdes
• Utilização de materiais com baixas emissões de CO2
• Preocupação com a acessibilidade e inclusã





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