Recordes de temperaturas mostram “alterações climáticas fora de controlo”
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse hoje que a “situação que estamos a testemunhar é a demonstração de que as alterações climáticas estão fora de controlo”, ao comentar os novos recordes globais de temperaturas.
Numa conferência de imprensa na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, Guterres afirmou que se a humanidade “persistir em adiar as principais medidas necessárias” a nível climático, caminhará para “uma situação catastrófica, como demonstram os dois últimos recordes de temperatura”.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) advertiu hoje que as temperaturas vão continuar a subir, após o passado mês de junho ter batido o recorde de mais quente da história.
“O aquecimento excecional em junho e no início de julho ocorreu quando começava a desenvolver-se o fenómeno de El Niño, que se prevê que aumente o calor tanto na Terra como nos oceanos e leve a temperaturas mais extremas e ondas de calor marítimas”, afirmou Chris Hewitt, diretor dos Serviços do Clima da OMM, o organismo científico das Nações Unidas.
Em junho passado registaram-se temperaturas 0,5 graus acima da média entre 1991 e 2020, superando o recorde de temperatura média mensal do mesmo mês em 2019, segundo dados do sistema europeu “Copernicus”.
Por outro lado, e de acordo com dados preliminares, na passada segunda-feira, 03 de julho, a temperatura média diária global alcançou os 16,88 graus Celsius, batendo o recorde anterior de 16,80 graus de agosto de 2016.
Chris Hewitt afirmou “que se podem esperar mais recordes à medida que o El Niño avança e os seus impactos se estendam até 2024”, o que considerou ser “uma notícia preocupante para o planeta”.
A OMM assinalou que as comparações globais de temperaturas diárias só são possíveis através de reanálises (combinações de simulações de satélites e modelos informáticos), enquanto este organismo das Nações Unidas utiliza uma combinação de reanálises de um conjunto de dados baseados em observações a partir de estações montadas na superfície terrestre e em navios.
O cientista responsável pela OMM explicou que as temperaturas à superfície dos mares também bateram recordes em maio e junho e que este fenómeno terá consequências na distribuição dos peixes e na circulação oceânica em geral.
“Não se trata só da superfície. Todo o oceano está a ficar mais quente e a absorver energia que ali permanecerá por centenas de anos. Os alarmes estão a soar muito fortes devido às temperaturas sem precedentes no Atlântico norte”, alertou.
Segundo o mesmo perito, foram observadas recentemente ondas de calor no Atlântico, concretamente nas zonas do Reino Unido, Irlanda e Mar Báltico.