União para Mediterrâneo pede mais investimento europeu em energias limpas nos países do sul



A União para o Mediterrâneo (UpM) apelou hoje à União Europeia para investir mais na produção de energia renovável em países da margem sul mediterrânica, sublinhando os benefícios mútuos que teria essa aposta.

“Apesar dos bons exemplos” que já existem, o “investimento até agora não é equivalente à ambição” dos países mediterrânicos não europeus contribuírem para a União Europeia (UE) ganhar maior independência energética e diversificar os seus fornecedores, afirmou o secretário-geral da UpM, Nasser Kamel.

Segundo Nasser, a região mediterrânica tem capacidade para produzir, com energias renováveis, o dobro do atual consumo da UE de eletricidade, “mas para isso é necessário construir infraestruturas e conexões” para transporte de energia entre norte e sul.

Em paralelo, são projetos que criariam empregos e crescimento económico sustentável nos países do sul do Mediterrâneo, acrescentou, numa conferência de imprensa online a partir da cidade de Barcelona, onde está sedeada a UpM.

A UpM é uma organização intergovernamental de que fazem parte a União Europeia e 43 países – os 27 da UE e mais 15 do norte de África, Médio Oriente e sudeste da Europa -, unidos por laços mediterrânicos.

A organização foi criada em 2008 por iniciativa francesa e egípcia e é herdeira da Conferência Euro-mediterrânica, constituída em 1995 em Barcelona.

A conferência de imprensa de hoje de Nasser Kamel visou assinalar o 15.º aniversário da UpM.

Kamel destacou as diversas áreas de cooperação e projetos bem sucedidos que têm sido desenvolvidos em diversas áreas no quadro da UpM na região euro-mediterrânica, mas sublinhou que “é preciso reconhecer que alguns objetivos estão longe de serem alcançados” e que “muitos desafios persistem”.

Além das energias renováveis, referiu entre esses desafios e objetivos por concretizar a própria “integração regional”, que está “abaixo do potencial”, com enorme desequilíbrios, por exemplo, nas trocas comerciais entre o lado europeu do Mediterrâneo e o do Médio Oriente ou do norte de África.

A este propósito afirmou que a UE tem acordos bilaterais com países da margem do sul do Mediterrâneo, mas não há uma regulamentação comum e nem as trocas comerciais “são livres” entre os estados-membros e blocos da UpM.

Nasser Kamel referiu ainda o desafio da resposta ao impacto das alterações climáticas na região do Mediterrâneo, especialmente afetada pela subida média da temperatura ou do nível da água do mar.

O secretário-geral da UpM disse acreditar no potencial e benefício da união entre os estados-membros da organização, com vista a um “desenvolvimento sustentável e humano”, como considera que demonstraram os últimos 15 anos, mas acrescentou que para isso a União para o Mediterrâneo precisa de mais recursos e de um “maior ímpeto político” dos estados que a integram.

A uma pergunta sobre as questões das migrações, Nasser Kemel disse que não comentaria os regulamentos europeus em debate ou em vigor e sublinhou que a UpM coloca o foco na abordagem das razões que estão na origem dos grandes movimentos de pessoas que querem deixar os seus países para tentar alcançar a Europa.

Entre essas razões estão efeitos das alterações climáticas, as condições de vida precárias, a desigualdade e a falta de emprego, sublinhou.

O Mediterrâneo é considerado uma das fronteiras mais desiguais do mundo, pelas diferenças em índices de desenvolvimento humano e económico entre a margem norte (a Europa) e a sul (norte de África e médio oriente).





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