População de tigres selvagens no Butão aumenta 27% desde 2015. Mas ameaças “não desapareceram”
Um levantamento feito pelo governo do Butão, com o apoio da delegação local da WWF, revela que existem hoje nesse país asiático 131 tigres em estado selvagem, um aumento de 27% face aos que haviam sido registados em 2015.
De acordo com a organização conservacionista, a recuperação deve-se a uma série de esforços que têm sido feitos no Butão ao longo da última década, sobretudo o reforço da proteção legal da espécie, a implementação de programas de conservação geridos por comunidades locais, a melhoria dos habitats naturais e a atenuação dos conflitos entre humanos e esses felídeos selvagens.
Apesar de serem boas notícias, uma vez que se estima que atualmente apenas existam cerca de 4.500 tigres em liberdade em todo o mundo, os conservacionistas alertam que, no entanto, ameaças como a caça furtiva, a degradação do seu habitat e os conflitos com humanos “não desapareceram”.
Recorda a WWF que os esforços do Butão para combater a tendência de declínio das populações de tigres dentro das suas fronteiras começou em 2010, quando os governos dos 13 países onde ainda existem tigres de comprometeram a duplicar o número desses animais em meio selvagem até 2022. Esse objetivo tinha sido assumido durante a Cimeira de São Petersburgo para os Tigres, na Rússia.
Naquela que ficou conhecida como a Declaração de São Petersburgo sobre a Conservação do Tigre, os governos do Butão, do Bangladesh, do Camboja, da China, da Índia, da Indonésia, do Laos, da Malásia, de Myanmar, do Nepal, da Rússia, da Tailândia e do Vietname assumiam-se como “os protetores dos últimos tigres em meio selvagem”. O grupo reconheceu que o tigre é “o animal mais icónico da Ásia enfrenta a extinção iminente” e que nos últimos 100 anos “o número de tigres caiu a pique de 100 mil para menos de 3.500, e continua a cair”.
Apesar do compromisso, existem receios de incumprimento em alguns países do sudeste asiático, onde as populações continuam em declínio.
O envolvimento das comunidades locais na conservação do tigre
Diz a WWF que “as comunidades locais são essenciais para proteger os tigres selvagens”, pois a expansão das comunidades humanas aumenta o risco de encontros com tigres e a competição pelos mesmos recursos, podendo resultar em conflitos violentos, com prejuízos para ambas as partes.
No Butão, têm sido reportados vários casos de mortes de animais de criação por tigres, mas os abates desse felídeo por retaliação “têm sido muito reduzidos”. A organização sugere que essa tolerância é, pelo menos em parte, motivada pelo “valor e compaixão que o budismo encoraja para com a Natureza”. Ainda assim, afirma que várias ONG têm trabalhado com as comunidades locais mais próximas da área de distribuição dos tigres no país para ajudá-las a fazer face aos prejuízos sofridos e para tentar minimizar as situações de conflito entre ambas as espécies.