Estado da União: Comissão vai abrir investigação sobre subvenções para carros elétricos chineses



A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou hoje a abertura de uma investigação contra subvenções para automóveis elétricos provenientes da China.

“Olhem para o setor dos veículos elétricos. É uma indústria crucial para uma economia ecológica, com um grande potencial para a Europa, mas os mercados globais estão hoje inundados por carros elétricos chineses que são mais baratos e os seus preços mantêm-se artificialmente baixos através de subvenções estatais gigantescas”, disse a presidente da Comissão, enquanto intervinha no debate sobre o Estado da União, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França).

Por isso, Von der Leyen anunciou que “a Comissão vai abrir uma investigação contra as subvenções para automóveis elétricos provenientes da China”, uma vez que os subsídios estão “distorcer” o mercado europeu.

“A Europa está aberta à competição, não a uma corrida para o fundo”, completou, criticando aquelas que classificou como “práticas desleais” da China.

No seu discurso sobre o Estado da União em 2023, Ursula von der Leyen vincou que “a concorrência só é verdadeira se for justa”, observando que “os mercados mundiais estão agora inundados de carros elétricos chineses mais baratos”.

“Isto está a distorcer o nosso mercado e como não aceitamos isto a partir de dentro, também não o aceitamos a partir de fora”, salientou a responsável.

Este discurso sobre o Estado da União, um exercício anual a marcar o início do ano legislativo, ocorre quatro anos após a eleição de Von der Leyen – que iniciou o seu primeiro mandato à frente do executivo comunitário em dezembro de 2019 – e a menos de um ano das eleições europeias de 2024, marcadas para junho.

A China, que tem emergido como potência económica, tem avançado com uma robusta estratégia de investimento estatal, à qual a UE tem vindo a responder com avisos de que a sua cooperação entre Bruxelas e Pequim deveria reger-se pelo princípio da equidade.

Em causa estão subvenções a empresas chinesas a investir no estrangeiro, principalmente em setores estratégicos (como energia, telecomunicações e transportes), através de companhias detidas pelo Estado que beneficiam de financiamento público chinês, o que no caso da UE coloca as entidades europeias em desvantagem.

Hoje mesmo, foi conhecido que o vice-presidente executivo da Comissão Europeia com a pasta do Comércio, Valdis Dombrovskis, viajará para a China na próxima semana no âmbito desta investigação europeia às subvenções chinesas no setor dos automóveis elétricos.

No seu discurso, Ursula von der Leyen defendeu, ainda assim, “linhas abertas de comunicação e diálogo com a China”, por existirem matérias em que Bruxelas e Pequim “podem e devem cooperar”.

“Desacreditar, não desacoplar: será esta a minha abordagem com os dirigentes chineses na Cimeira UE-China, a realizar no final deste ano”, revelou.





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