O prazer sensorial da natureza é universal
Um novo estudo realçou o prazer partilhado de passar algum tempo na natureza, através de um inquérito aos visitantes de parques nacionais e florestas em quatro países diferentes, concluindo que os cinco sentidos dos visitantes eram ativados de forma positiva pelo ambiente que os rodeava.
Dirigido pelo Professor Emérito Ralf Buckley da School of Environment and Science, com os co-autores Mary-Ann Cooper da Universidade Andrés Bello e Linsheng Zhong da Academia Chinesa de Ciências, o estudo inquiriu 100 participantes no local na Austrália, 100 no Chile e >500 na China, e compilou 1000 publicações relevantes nas redes sociais do Japão.
As principais experiências sensoriais eram universais: a visão das formas e cores das plantas; o som do canto dos pássaros, da água corrente e do farfalhar das folhas; o cheiro das flores, das árvores e da terra; o sabor e a temperatura do ar e da água limpos; e o toque da casca e das rochas.
O Professor Buckley diz que estas experiências finas mas generalizadas foram a principal conclusão dos inquéritos.
“Passar tempo na natureza é bom para a nossa saúde mental, é essa a ideia subjacente às terapias da natureza”, afirma o Professor Buckley.
“À escala nacional, podem poupar muito dinheiro. Mas o seu seguro de saúde ainda não as paga, porque são necessários produtos prescritíveis com prestadores certificados e códigos de cobrança”, explica.
“Por isso, os investigadores estão a tentar conceber cursos de terapia da natureza com todos os custos e componentes agrupados de forma eficiente, como um curso de terapia ocupacional”, adianta.
“Mas para isso, precisamos de saber o que é que a experiência do tempo na natureza faz com que fiquemos menos stressados? Foi isso que este estudo fez; perguntámos quais as experiências sensoriais específicas na natureza que as pessoas consideravam importantes e memoráveis, e de que forma isso poderia diferir entre diferentes pessoas na Austrália, Japão, Chile e China”.
Estas experiências sensoriais estavam numa escala suficientemente ampla para se aplicarem a terapias naturais prescritíveis em qualquer região florestal, mas suficientemente fina para ser utilizada em futuras investigações quantitativas para testar conceções terapêuticas, doses e durações.
O Professor Buckley sublinha que este facto os distinguia da investigação anterior, que era demasiado ampla ou demasiado fina em termos de escala para a conceção de uma terapia prática.
“Sabemos, com base em investigações anteriores, que as pessoas consideram que as suas emoções são um passo importante entre os sentidos e o bem-estar, mas ainda não sabemos se são essenciais”, explica.
“Por isso, o próximo passo será a realização de inquéritos em grande escala, para perguntar como é que as experiências sensoriais específicas são percebidas e valorizadas por diferentes pessoas; e como é que essas experiências sensoriais podem ser melhor proporcionadas através de caraterísticas de design detalhadas dos produtos de terapia da natureza”, revela.
“Essas caraterísticas podem incluir a atividade, a dimensão do grupo e a orientação, mas cada uma delas ainda está por testar”, conclui.
O estudo ‘Principal sensory experiences of forest visitors in four countries, for evidence-based nature therapy’ foi publicado na revista People and Nature.