“Natureza em risco”: Ambientalistas criticam decisões executivas de Trump no primeiro dia de mandato



Donald Trump tomou posse esta segunda-feira para um segundo mandato como Presidente dos Estados Unidos da América (EUA). Logo no primeiro dia como 47.º Chefe de Estado, anunciou uma série de decisões polémicas sobre clima e natureza, cumprindo promessas eleitorais e merecendo críticas dos ambientalistas.

Uma delas foi retirar os EUA, outra vez, do Acordo Climático de Paris. Já durante o seu primeiro mandato, Trump tinha afastado o país desse tratado, estabelecido em 2015 para impedir o aquecimento global além dos dois graus Celsius, algo que Joe Biden, quando assumiu a Casa Branca, rapidamente reverteu.

Agora, os EUA vão, uma vez mais, sair do acordo, o que deverá entrar em vigor daqui a um ano. O novo governo norte-americano declarou um estado de “emergência energética nacional”, acompanhado de um conjunto de medidas que procuram desmantelar o quadro regulatório climático do país montado por Biden e dar rédea solta à indústria dos combustíveis fósseis.

A polémica decisão executiva – um poder que permite ao Presidente efetivar decisões sem passar pelo crivo do poder legislativo do Congresso – não tardou a receber críticas por parte dos movimentos ambientalistas, tanto nos EUA como a nível global.

Carter Roberts, presidente da representação norte-americana da WWF, diz, em comunicado, que as ações executivas de Trump “põem a natureza em risco”.

Recordando que proteger o planeta é também proteger as pessoas e a economia, o responsável aponta que “há formas mais eficazes de assegurar a nossa economia, o nosso ambiente e a nossa segurança nacional”, do que retirar o país de um acordo que tem como objetivo garantir água e ar limpos, novos empregos, segurança alimentar e resiliência contra os efeitos das alterações climáticas.

Sair do Acordo de Paris, salienta, “tornará muito mais difícil os EUA defenderem os seus interesses junto de outros países com os quais construímos parcerias produtivas, que representam mercados para as inovações que criamos e que fornecem as matérias-primas de que as nossas empresas precisam”.

Por sua vez, a The Nature Conservancy (TNC) aponta que, apesar da decisão da nova administração, os norte-americanos podem continuar a apoiar os objetivos do Acordo de Paris, mesmo que o país já não faça parte dele.

“Embora o governo dos EUA se ter retirado do Acordo de Paris, os americanos ainda podem mostrar o seu compromisso [climático] ao continuarem a investir em energia limpa, políticas climáticas inteligentes e soluções climáticas naturais”, afirma Jennifer Morris, diretora-executiva da TNC, em nota.

Lembrando que “temos anos, não décadas, para resolver a crise climática”, destaca que “os EUA são o maior emissor histórico de gases com efeito de estufa a nível mundial e têm um papel crucial a desempenhar no combate às alterações climáticas”. Além disso, destacando os EUA como um exemplo seguido por muitos outros países, declara que “o mundo precisa que os EUA sejam um líder nas questões climáticas”.

Também o Conselho de Defesa dos Recursos Naturais (NRDC), uma organização ambientalista norte-americana, argumenta que, dado o agravamento do estado do planeta e da intensidade dos efeitos das alterações climáticas, “não é altura de abandonar o barco, de deixar à deriva a liderança dos EUA em matéria climática e de lançar os nossos filhos a mares negros e revoltos”.

Manish Bapna, presidente do NRDC, afirma que a decisão de Trump “engrandece a indústria dos combustíveis fósseis” que está “determinada em bloquear a ação climática” para assegurar a dependência das energias poluentes que estão “a provocar a crise climática”.

“Os Estados Unidos devem continuar na luta climática, respeitar o espírito de Paris e cumprir a sua promessa ao resto do mundo”, defende Bapna, instando os governos estaduais e locais, o setor privado e a população em geral a continuar o caminho em prol da proteção do clima e do fortalecimento das energias renováveis.





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