Brasil nomeia presidente da COP30. Ambientalistas pedem mais diálogo, ambição e liderança “pelo exemplo”



A próxima cimeira global do clima, a COP30, decorrerá em novembro deste ano na cidade de Belém, no estado brasileiro do Pará. O governo de Lula da Silva nomeou o embaixador André Aranha Corrêa do Lago para a presidência da conferência.

Com uma carreira diplomática de mais de 40 anos, Corrêa do Lago é atualmente Secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente no Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Em comunicado, o governo brasileiro destaca o diplomata como um “experiente negociador” em questões climáticas e diz que a nomeação “reflete o compromisso do Brasil com a agenda global de desenvolvimento sustentável”.

A direção-executiva da COP30 caberá a Ana Toni, atual Secretária Nacional de Mudança do Clima.

Esta cimeira será marcada por negociações sobre temas controversos e que têm, em encontros passados, gerado grande desacordo entre as várias delegações, desde logo questões relacionadas com o reforço do financiamento climático dos países mais ricos e com maior responsabilidade nas crises planetárias para os países mais pobres e que sofrem mais com os efeitos das alterações climáticas, poluição e perda de biodiversidade.

Além do financiamento climático, o governo brasileiro, em nota, reconhece também como principais desafios da COP30 “garantir que as metas de redução de emissões sejam compatíveis com a ciência climática” e “lidar com os impactos socioeconómicos das mudanças climáticas em populações vulneráveis”.

Em reação à nomeação de Corrêa do Lago, a WWF-Brasil salienta que “a COP30 será um momento crucial para garantir compromissos ambiciosos e medidas concretas para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, conforme estabelecido no Acordo de Paris”.

Numa mensagem publicada no seu website, a organização ambientalista destaca que o representante brasileiro deverá ter como missão “promover o espaço de diálogo e aumentar a ambição dos países” no combate à crise climática.

Recordando que o ano de 2024 já ficou marcado pela quebra do limite de 1,5 graus Celsius de aquecimento global plasmado no Acordo de Paris, e lembrando as chuvas torrenciais, a seca e os grandes incêndios que no ano passado afetaram o Brasil, incluindo a Amazónia, a WWF-Brasil aponta como essencial que a liderança brasileira da COP30 se foque na dissolução das “divergências entre países desenvolvidos e em desenvolvimento”, através da valorização das “vozes indígenas, populações periféricas, comunidades quilombolas e tradicionais nos processos de tomada de decisão”.

As questões do financiamento, da mitigação e adaptação, das perdas e danos e das soluções baseadas na Natureza fazem também parte da lista de tópicos centrais que a WWF-Brasil espera que a liderança da COP30 seja capaz de endereçar.

Além de tudo isso, a organização insta o Brasil a liderar “pelo exemplo”, apelando a que o país elimine “o desmatamento e o uso de combustíveis fósseis”, na esperança de que esta cimeira “deixe um legado duradouro para a Amazónia, para as pessoas e para o país, com impactos positivos em políticas públicas, fortalecimento de governanças locais e promoção de um modelo de desenvolvimento sustentável e de baixo carbono”.





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