Miranda do Douro investiu 1,4 ME em Centro de Valorização de Raças Autóctones
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Miranda do Douro passa a dispor de um Centro de Valorização e Melhoramento das Raças Autóctones (CVMRA), com um laboratório de conservação de sémen que custou de 1,4 milhões de euros, disse ontem à Lusa fonte da autarquia.
“O CVMRA é uma unidade de melhoramento animal, no qual foram investidos cerca de 1,4 milhões de euros, financiados a 85% por comunitários, que tem alocado um laboratório com tecnologia de ponta para a seleção e controlo de sémen e dos embriões animais necessários para o melhoramento genético das raças autóctones”, explicou à Lusa o vice-presidente da Câmara de Miranda do Douro, Nuno Rodrigues, que tem os pelouros da Agricultura e Pecuária
Segundo o autarca, nesta primeira fase vai-se utilizar esta tecnologia na área da inseminação artificial, e recolha de sémen e embriões, promovendo o melhoramento genético das raças autóctones do território do Nordeste Transmontano, com incidência nos pequenos ruminantes, tais como cabras e ovelhas.
“Neste momento, a operação de inseminação destes animais tem de ser realizada fora dos concelhos do Planalto Mirandês e do distrito de Bragança. Agora, dispomos de um centro que poderá realizar este tipo de intervenção. No futuro, não esta colocada de lado a hipótese de que outras espécies, como os bovinos e asininos de outras raças autóctones existentes no nosso país possam, aqui, ser melhoradas”, explicou Nuno Rodrigues.
O projeto conta com o apoio científico e técnico de investigadores do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
“Com saber científico destas duas instituições de ensino, através investigadores e cientistas, podemos levar a bom porto um projeto de topo na área de recolha de sémen, embriões e inseminação de artificial, para o melhorar o património genético das raças autóctones existentes em Portugal ”, disse autarca.
Segundo Nuno Rodrigues, a estas duas instituições de ensino superior juntar-se-ão ao projeto a Associação de Criadores de Raça Bovina Mirandesa, a Associação de Criadores do Ovinos de Raça Churra, a Associação Para o Estado e Proteção do Gado Asinino (AEPGA) a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e a Cooperativa Agrícola de Palaçoulo, entre outras organizações pecuárias do território transmontano.
“O objetivo é que o CVMRA seja uma unidade promotora de desenvolvimento de ações de caracterização, conservação e utilização sustentável de recursos genéticos relacionados com as raças autóctones e centro de armazenamento e produção de sémen para pequenos ruminantes, trabalhando, intimamente, com as associações de criadores no apoio ao desenvolvimento de algumas das ações dos seus programas de melhoramento e conservação animal”, vincou.
Ao criar esta infraestrutura orgânica, o município de Miranda do Douro reconhece as raças autóctones como símbolos identitários territoriais e contempla a necessidade de associar a produção/criação destas raças com o turismo no espaço rural dada a qualidade dos produtos que lhes estão associados e importância económica para as populações.
O autarca apelou ainda ao Ministério da Agricultura que olhe “com bons olhos, para este tipo de equipamento, que vai construir para o melhoramento genético das raças autóctones, que são um motor para desenvolvimento da atividade pecuária em Portugal”, disse.
Este novo equipamento de melhoramento da genética animal será inaugurado no sábado.