Comissão Europeia inicia auscultação para reforçar indústria siderúrgica

A Comissão Europeia iniciou hoje a auscultação dos intervenientes na indústria siderúrgica com o propósito de reforçá-la, no âmbito de uma estratégia do executivo comunitário para melhorar a competitividade desta área.
Em comunicado, o executivo de Ursula von der Leyen anunciou que vai começar com o Diálogo Estratégico para o Futuro da Indústria Siderúrgica, um processo descrito como “inclusivo e colaborativo” para responder às necessidades “críticas desta área e assegurar a continuidade do seu sucesso para incentivar a economia da União Europeia (UE)”.
De acordo com a informação disponibilizada pela Comissão Europeia, a indústria metalúrgica abrange “mais de 2,5 milhões de empregos” nos 27 países da UE.
“Os preços de produção aumentaram por causa dos elevados preços de energia, enquanto os preços dos produtos baixaram por causa da sobrecapacidade e diminuição da procura”, completou a Comissão Europeia na nota divulgada.
A presidente da Comissão Europeia anunciou que iria avançar com um diálogo estratégico com a indústria siderúrgica comunitária para ser delineado um “rumo decisivo para o futuro” desta área na União Europeia, depois de os Estados Unidos da América anunciarem tarifas.
“Confrontada com desafios sem precedentes – aumento dos custos da energia, problemas de acesso às matérias-primas, concorrência global desleal e novos direitos aduaneiros dos Estados Unidos da América – a indústria siderúrgica exige uma ação específica”, pelo que “o Diálogo Estratégico sobre o Aço tem por objetivo apresentar um plano sólido e viável para o futuro do setor”, adianta Bruxelas na nota de imprensa.
Após esta iniciativa, a Comissão Europeia irá lançar na primavera deste ano um plano de ação específico para o aço e os metais.
O anúncio surge após o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado que irá impor tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio, contexto que afeta o setor da UE.
As taxas anunciadas por Washington entram em vigor em 12 de março para todas as exportações de alumínio e aço de países terceiros para os Estados Unidos e não estão previstas isenções ou exceções.
A associação europeia do aço (Eurofer) já veio alertar que a decisão do Presidente norte-americano irá exacerbar “um ambiente já terrível” no setor na Europa.
No que toca a Portugal, as tarifas de 25% sobre as importações de alumínio e aço anunciadas pelo Presidente norte-americano não deverão penalizar a indústria metalúrgica e metalomecânica portuguesa, que exporta para os Estados Unidos produtos acabados e não matérias-primas, segundo a associação setorial.
Durante o seu primeiro mandato (2017-2021), Donald Trump impôs tarifas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio, mas depois concedeu quotas isentas de impostos a vários parceiros comerciais, incluindo o Canadá, o México, a Austrália e o Brasil.
A indústria siderúrgica europeia, com cerca de 500 instalações de produção em 22 Estados-Membros, contribui com cerca de 80 mil milhões de euros para o Produto Interno Bruto (PIB) da UE e é responsável por mais de 2,5 milhões de postos de trabalho.
Fornece setores críticos como automóvel, construção, defesa, tecnologias de emissões líquidas nulas, veículos elétricos e infraestruturas críticas, sustentando cadeias de valor industriais inteiras.