Cheias prolongadas afetam produção agrícola no Vale do Sorraia

As cheias e as chuvas dos últimos dias estão a afetar a economia local e a produção agrícola no Vale do Sorraia, em Coruche, disse esta terça-feira o presidente da Câmara Municipal, Francisco Oliveira.
“Para aquilo que é a bacia do Rio Sorraia, as cheias são naturais e estamos habituados a elas. O que acontece é que este período de pluviosidade tem sido muito prolongado, o que impede o acesso dos agricultores às terras para preparar as culturas”, afirmou o autarca à agência Lusa.
Segundo o responsável, as cheias afetam as áreas de produção de batata, ervilha, milho, arroz e tomate, culturas que já estavam a ser preparadas, mas cujas terras se encontram agora inacessíveis, atrasando as colheitas nestas zonas de regadio.
Francisco Oliveira destacou que, além do impacto na atividade agrícola, as cheias estão a condicionar a circulação rodoviária em diversas vias municipais, algumas delas em terra batida, devido à subida do nível das águas do Rio Sorraia.
“Este período muito extenso de chuva tem danificado algumas vias, algumas delas estão com difíceis condições de circulação. O tempo não tem permitido que a Câmara Municipal possa fazer aquela que é a manutenção regular destas estradas e caminhos”, afirmou.
O autarca garantiu que, assim que as condições climatéricas melhorarem, a Câmara irá iniciar os trabalhos de reparo e manutenção nas estradas afetadas.
No que respeita a danos provocados pelas cheias, Francisco Oliveira sublinhou que houve “situações pontuais”, sobretudo devido ao transbordo de algumas linhas de água, mas assegurou que a parte urbana da vila de Coruche “está protegida” pelo muro de proteção.
Apesar da chuva afetar a produção agrícola, o presidente da Câmara sublinhou a importância das cheias para a fertilização natural dos solos agrícolas, contribuindo para a limpeza de infestantes como o jacinto-de-água.
“As cheias também desempenham um papel benéfico, fertilizando os solos e ajudando a eliminar infestantes, seja pragas ou espécies invasoras, como o jacinto-de-água”, afirmou, acrescentando que a ausência regular de cheias leva ao aumento de infestantes nas ribeiras e linhas de água que desaguam no Rio Sorraia.
Segundo o comandante da proteção civil da Lezíria do Tejo, Hélder Silva, é expectável a manutenção dos caudais com valores acima dos 2.500m3/s devido às descargas das barragens espanholas.
Quanto à circulação rodoviária na lezíria do Tejo, o comandante referiu que atualmente a situação nesta terça-feira igual ao dia de segunda-feira, com 30 estradas parcial ou totalmente obstruídas devido às chuvas.
“Todas as estradas que estão submersas são vias de campos agrícolas ou acesso a zonas rurais. São zonas historicamente inundáveis e as populações já estão à espera que este tipo de fenómeno aconteça”, referiu.
Um dos concelhos mais afetados é Salvaterra de Magos, onde, segundo a Proteção Civil, seis vias estão obstruídas devido às chuvas. O vereador da Câmara do Cartaxo, Noel Caneira, informou que o mau tempo danificou uma moradia e dois armazéns agrícolas, acrescentando que a Câmara está a proceder à reposição do pavimento nas estradas afetadas pela depressão Martinho.
Almeirim e Santarém são outros dos concelhos mais afetados, com cinco vias e sete vias obstruídas, respetivamente.