Valorização do rio Neiva em Braga e Viana do Castelo começa este mês



O rio Neiva, que atravessa os concelhos de Viana do Castelo e Braga, vai ser alvo de uma intervenção de reabilitação e valorização, num investimento superior a 600 mil euros que arranca este mês, foi ontem divulgado.

Em declarações à Lusa, Manuel Salgueiro, presidente da Junta de Freguesia de São Romão de Neiva, no concelho de Viana do Castelo, referiu que a intervenção, da responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), vai “estende-se ao longo de 10 quilómetros”, entre Alvarães e Castelo de Neiva, atravessando as freguesias de São Romão de Neiva, no concelho de Viana do Castelo, e Forjães e Antas, concelho de Esposende, distrito de Braga.

Manuel Salgueiro, que falava a propósito da apresentação pública da intervenção, que decorreu na sexta-feira nas freguesias de São Romão de Neiva e de Antas, e que envolveu autarquias, diversas entidades e proprietários de terrenos que confrontam com as margens do rio, adiantou que “a empreitada terá início no dia 20 de maio”.

Segundo o autarca, a intervenção “visa não só a limpeza e requalificação ecológica das margens, mas também a recuperação do património natural e edificado, bem como a implementação de percursos de usufruto sustentável, sempre em estreita articulação com as populações locais”.

Manuel Salgueiro adiantou que “a APA vai assumir-se como dona da obra, assegurando a coordenação técnica e ambiental do projeto, em estreita colaboração com os dois municípios e demais entidades envolvidas”.

“Esta etapa é marcada por um modelo de governação partilhada, envolvendo os dois municípios e as juntas de freguesia confinantes e entidades públicas, numa lógica de corresponsabilização e planeamento integrado, com vista à adaptação às alterações climáticas e à promoção de novos usos equilibrados do território”, disse.

De acordo com a proposta de intervenção, a que a Lusa teve hoje acesso, o objetivo passa por criar “condições de melhoria da funcionalidade ecológica, hidrogeomorfológica e de qualidade ambiental que levam a um aumento da capacidade adaptativa deste território”.

O projeto, elaborado pela empresa E.RIO, prevê “ações ao nível da estabilização de margens e recuperação da galeria ripícola, de corte e limpeza da vegetação, contenção de vegetação exótica e invasora, remoção de entulhos e árvores do leito, plantações de espécies autóctones e aplicação de soluções técnicas de engenharia natural”.

A “melhoria das condições hidrológicas e ecológicas do espaço fluvial requer ações de podas e cortes seletivos direcionados para a vegetação arbórea/arbustiva, intervenção que deve constar de uma avaliação prévia e cuidada da real necessidade de poda, principalmente das ramagens de salgueiros mais baixas e próximas do leito, de forma a estabelecer e manter o equilíbrio ecológico/dinâmica fluvial”.

“Quanto às intervenções de controlo da flora vascular exótica e/ou invasora, a sua aplicabilidade em sistemas ribeirinhos exige um planeamento prévio e conciliação de metodologias de controlo o mais adequadas às espécies, mas também aferidas e reajustadas de acordo com as condições hidrogeomorfológicas do meio fluvial, a dimensão e a proximidade dos núcleos de infestação ao leito principal, a priorização dos custos, a ocorrência de riscos ecológicos para os ecossistemas aquáticos e ribeirinhos, em paralelo, com a maior eficácia de atuação, potenciando-se ao máximo, a minimização do grau de invasão dos táxones invasores presentes nesses meios”, lê-se no documento.

Para “todo o material resultante essencialmente dos trabalhos de corte seletivo e poda de formação de árvores autóctones existentes na área de intervenção (ou de zonas envolventes, alvo de trabalhos semelhantes), propõe-se a respetiva reutilização em obra para instalação de soluções técnicas de engenharia natural para estabilização dos taludes e margens ribeirinhas”.

A “proposta de intervenção de valorização e adaptação do corredor ribeirinho é fundamental para melhorar as funções ecológicas, hidrológicas e paisagísticas associadas ao sistema fluvial e na adaptação do território às alterações climáticas”.






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