Greenpeace denuncia pesca de tubarões ameaçados por navio espanhol no Oceano Pacífico

Ativistas da organização ambientalista Greenpeace acusam navio com bandeira espanhola, de nome “Playa Zahara”, de capturar tubarões de espécies ameaçadas em águas internacionais ao largo da Austrália e da Nova Zelândia.
De acordo com a informação divulgada esta sexta-feira, a tripulação do “Rainbow Warrior”, uma das embarcações mais icónicas da Greenpeace, terá acompanhado o progresso do navio europeu para monitorizar a sua atividade e perturbar o que descrevem como “uma operação industrial massiva de pesca com palangre”.
Ao longo de várias horas, a equipa recuperou quase 20 quilómetros de linha e terá libertado nove tubarões que tinham sido apanhados nelas, incluindo um tubarão-anequim-de-gadanha (Isurus paucus), uma espécie ameaçada de extinção, classificada como “Em Perigo” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza.

Foram também libertados das artes de pesca oito tubarões-azuis (Prionace glauca), espécie “Quase Ameaçada”, quatro espadartes e uma raia, segundo a organização, que afirma que durante um período de cerca de 30 minutos a tripulação do “Rainbow Warrior” viu três tubarões-anequins serem içados para bordos do navio espanhol.

Dizem os ambientalistas que esse mesmo navio em 2023 capturou mais de 600 mil quilogramas de tubarões, o que dizem equivaler a cerca de 5.527 tubarões por ano.
“Estes navios alegam estar a pescar atum e espadarte, mas anzol após anzol, vimos tubarões – alguns criticamente ameaçados – a serem içados, mortos ou a morrer”, acusa a Greenpeace.
De acordo com o ‘The Guardian’, a empresa detentora do navio em causa, a Viverdreams Fish, reagiu à exposição da Greenpeace, alegando tratar-se de uma “campanha de desinformação”.
“As espécies mencionadas pela Greenpeace estão dentro das quotas e limites permitidos pelas autoridades competentes, e os procedimentos de captura, manuseio e descarga são controlados e documentados, por todos os sistemas estabelecidos pela [União Europeia] e pelas autoridades espanholas”, disse Patricia Rodriguez, porta-voz da empresa, ao jornal britânico.
A denúncia feita pela organização ambientalista surge poucos dias antes do arranque de mais uma conferência global sobre os oceanos, que começa em Nice, França, no próximo dia 9 de junho. É esperado que nesse evento haja um reforço do compromisso dos governos do mundo para com o Tratado do Alto-Mar, que pretende proteger as águas marinhas internacionais, além das jurisdições nacionais, contra práticas insustentáveis e destrutivas, como a sobrepesca e a captura de espécies ameaçadas.