Presidente de Cabo Verde defende alianças para transferência de tecnologia para proteger oceanos

O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, defendeu hoje a criação de alianças para transferências de tecnologia que reforcem a capacidade de países mais vulneráveis na preservação e desenvolvimento sustentável dos oceanos.
“Queremos também estabelecer alianças para a transferência de tecnologia, para reforçar as capacidades adaptadas a cada contexto. Estamos convencidos de que não haverá desenvolvimento sustentável sem oceanos saudáveis”, afirmou.
José Maria Neves referiu que Cabo Verde está a consolidar a sua agenda azul com investimentos em conservação marinha, turismo ecológico, pesca sustentável, educação oceânica e soluções baseadas na natureza, com foco na resiliência costeira.
“Estamos a reforçar o nosso quadro institucional, a ampliar as zonas marítimas protegidas e a integrar a ação climática na gestão dos recursos”, referiu, apontando a necessidade de mobilizar financiamento climático acessível e adaptado à realidade dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS).
O Presidente insistiu na importância de garantir meios financeiros, transferência de tecnologia e reforço de capacidades, para que todos os países possam participar de forma plena e eficaz na proteção dos oceanos.
“É crucial reconhecer o valor dos oceanos. A sua preservação é essencial para a segurança alimentar, a saúde do planeta e a estabilidade económica global”, defendeu.
Segundo José Maria Neves, para os SIDS o “desenho dos oceanos” deve ser uma plataforma de convergência para reequilibrar a relação com o mar, baseada na ciência, na equidade e numa cooperação genuína.
“As ameaças são diversas – subida do nível do mar, sobrepesca, poluição – e exigem uma resposta coordenada e solidária”, apontou, apelando a uma ação coletiva na formulação de políticas públicas.
O chefe de Estado saudou ainda a adoção do Acordo de Paris e o Tratado sobre a Biodiversidade Marinha em Áreas Fora da Jurisdição Nacional, comprometendo-se com a sua rápida ratificação, e reforçou a importância de tratados como o Acordo de Paris.
O Presidente apelou também a um multilateralismo mais inclusivo, assente na solidariedade e numa cooperação internacional que permita uma transformação real.
Durante a conferência em França, o ministro do Mar de Cabo Verde, Jorge Santos, vai defender, num evento paralelo, a 12 de junho, a criação de centros de ciências marinhas nos países insulares de língua portuguesa, com a participação da Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
A conferência é coorganizada pela França e Costa Rica e tem como tema central “acelerar a ação e mobilizar todos para conservar e utilizar de forma sustentável os oceanos”.