Os chimpanzés conseguem “apanhar” os bocejos de um robô semelhante ao ser humano

Os chimpanzés conseguem “apanhar” bocejos de um androide que imita expressões faciais humanas, revela uma investigação publicada na revista Scientific Reports. O estudo demonstra que os chimpanzés bocejam e se deitam em resposta a bocejos emitidos por um androide, o que sugere que pode funcionar como um sinal para descansar, em vez de desencadear simplesmente uma resposta automática.
O bocejo contagioso – quando o facto de ver outro animal bocejar desencadeia uma resposta de bocejo num indivíduo – é observado principalmente em mamíferos e em alguns peixes. Embora as origens evolutivas do bocejo e do contágio do bocejo sejam ainda desconhecidas, alguns animais, incluindo os humanos, podem apanhar bocejos de outras espécies.
Ramiro Joly-Mascheroni, Beatriz Calvo-Merino e colegas utilizaram uma cabeça de androide capaz de simular expressões faciais para testar as respostas de 14 chimpanzés adultos com idades compreendidas entre os 10 e os 33 anos. A cabeça continha 33 motores de rotação que funcionavam como músculos para gerar expressões faciais – incluindo bocejos – com cada movimento facial a durar 10 segundos. Cada chimpanzé foi exposto a quatro sessões de 15 minutos em que o androide demonstrava expressões faciais de “bocejo”, ‘abertura’ e “neutro”.
Estas sessões foram gravadas em câmara e cada chimpanzé foi avaliado quanto à sua capacidade de resposta, bem como quanto tempo passou deitado. Oito dos 14 chimpanzés (57,1%) mostraram um bocejo contagioso em resposta ao “bocejo” do androide, enquanto o mesmo número também se deitou em resposta, tendo alguns recolhido a roupa de cama antes de se deitarem.
Segundo os autores, estes resultados parecem demonstrar, pela primeira vez, um bocejo contagioso devido a um modelo inanimado. Acrescentam que os mecanismos subjacentes a esta resposta ainda não são claros e que a investigação futura poderá explorar se outras ações executadas por robôs são contagiosas para os animais.