Maioria das pessoas acredita que governos devem taxar empresas de combustíveis fósseis por danos climáticos, revela sondagem



Sondagem das organizações não-governamentais internacionais Greenpeace e Oxfam aponta que oito em cada 10 pessoas (80%) acredita que os governos devem taxar as indústrias do petróleo, gás e carvão por danos causados por desastres resultantes do agravamento das alterações climáticas, como tempestades, cheias, secas e incêndios.

O estudo foi apresentado esta quinta-feira, dia 19 de junho, no âmbito da conferência climática que decorrer em Bona (Alemanha) até dia 26, e que serve de ponto de partida para a Cimeira Climática Global das Nações Unidas (COP30), que acontecerá em novembro no Brasil.

A sondagem foi feita entre maior e junho de 2025 em 13 países que, no seu conjunto, representam perto de metade da população mundial (Brasil, Canadá, França, Alemanha, Quénia, Itália, Índia, México, Filipinas, África do Sul, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos da América).

Em comunicado, as duas organizações avançam também que a maioria dos inquiridos considera que o seu governo não está a fazer o suficiente para combater a influência dos “super-ricos” e da indústria das energias fósseis na política, e 77% das pessoas afirmaram estar mais inclinadas para apoiar um candidato político que priorize uma maior tributação dos “super-ricos” e da indústria dos combustíveis fósseis do que um que não tenha isso como prioridade.

Ainda, 86% dos respondentes diz concordar que as receitas desses impostos devem ser canalizadas para apoiar as comunidades mais afetadas pelos efeitos das alterações climáticas, com outros 66% a dizerem que deveriam ser as empresas de petróleo e gás a pagar pela ajuda aos sobreviventes de desastres naturais associados ao agravamento da crise climática.

Salientam a Oxfam que as 585 maiores e mais poluidoras empresas de combustíveis fósseis do mundo arrecadaram 583 mil milhões de dólares em lucros em 2024, o que diz representar um aumento de 68% face a 2019. Desse total, a organização aponta que as emissões anuais de 340 dessas empresas representam mais de metade das emissões globais de gases com efeito de estufa geradas pelos humanos.

Um imposto sobre as empresas que mais poluem, argumentam as organizações em nota, “garantia que a energia renovável é mais lucrativa do que os combustíveis fósseis, encorajando as empresas a investirem em renováveis, bem como evitaria mais mortes causadas pelas alterações climáticas alimentadas pelo fóssil”.

Esses impostos, detalham, deveriam ser aplicados pelos governos nacionais, em articulação com as Nações Unidas “para assegurar um acordo tributário global e justo”.

“As pessoas têm noção de que as tempestades, as cheias, as secas, os incêndios e outros eventos meteorológicos extremos estão a ser alimentados pelas empresas do petróleo e do gás”, sublinha Rebecca Newsom, da Greenpeace Internacional.

“Em vez de deixarem as comunidades expostas a lidar sozinhas com estes custos devastadores, os governos podem desbloquear enormes somas de dinheiro para investir em soluções climáticas obrigando as empresas energéticas poluentes a pagarem”, defende.

Por seu lado, Amitabh Behar, diretor-executivo da Oxfam Internacional, refere que “os governos têm de ouvir as suas populações e de responsabilizar os poluidores ricos pelos danos que causam”.

Para o responsável, “um novo imposto sobre as indústrias poluentes forneceria um apoio imediato e significativo aos países climaticamente vulneráveis e, finalmente, incentivaria o investimento nas renováveis e uma transição justa”.






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