Dois homens condenados a quatro anos de prisão por cortarem árvore britânica famosa

Dois homens foram condenados ontem a quatro anos e três meses de prisão pelo Tribunal Criminal de Newcastle por terem cortado uma árvore centenária e mundialmente conhecida em Sycamore Gap, no norte de Inglaterra, em 2023.
Daniel Graham, 39 anos, e Adam Carruthers, 32 anos, receberam a mesma sentença porque as suas ações envolveram um “elevado grau de planeamento e preparação” e causaram “choque e espanto”, justificou a juíza, Christina Lambert, ao deliberar a sentença.
A chamada “árvore de Sycamore Gap” era um grande sicómoro com mais de 100 anos plantado simetricamente entre duas colinas junto à muralha de Adriano, formando uma das paisagens mais fotografadas em Inglaterra.
A árvore ganhou fama após aparecer no filme”Robin dos Bosques: Príncipe dos Ladrões”, protagonizado pelo ator Kevin Costner, em 1991.
Na noite de 27 para 28 de setembro de 2023, Graham e Carruthers, armados com uma motosserra, conduziram 40 minutos até um parque de estacionamento, caminharam 20 minutos no escuro e um deles filmou o outro a abater a árvore, enviando-lhe o vídeo.
Os dois amigos também levaram um pedaço do tronco como troféu e os danos estão estimados em pelo menos 458 mil libras (527 mil euros), segundo a acusação.
No dia seguinte ao derrube da árvore, os dois homens divertiram-se com a cobertura mediática do caso, felicitando-se por uma história que se tinha tornado “viral” nos ‘media’, enviando mensagens de voz e artigos de imprensa um ao outro.
Os dois homens nunca conseguiram explicar as razões que terão motivado o abate da árvore centenária.
Durante o julgamento do caso, em maio, em Newcastle (nordeste), onde foram ambos considerados culpados, Carruthers explicou que não compreendia a emoção provocada pela destruição do sicómoro, pois era “apenas uma árvore”.
Depois de terem inicialmente negado os factos e de se terem culpado mutuamente, os antigos amigos admitiram ter participado no derrube da árvore.
Daniel Graham tinha condenações anteriores, incluindo crimes contra a ordem pública em 2021 e 2022. O seu telemóvel e o seu carro foram localizados perto do local após a queda da árvore.
A queda da árvore danificou a Muralha de Adriano, uma fortificação romana com 135 quilómetros de comprimento construída entre 122 e 127 d.C. para proteger a fronteira noroeste do Império Romano e classificada como Património Mundial pela UNESCO.
De acordo com Andrew Poad, da National Trust, organização que gere muitos locais protegidos, um “sentimento avassalador de perda e consternação foi sentido em todo o mundo” após a destruição da árvore.
O sicómoro tinha sido eleito Árvore Inglesa do Ano em 2016 e era regularmente usada para fotografias e cerimónias como casamentos.
No ano passado, a National Trust anunciou que tinham surgido novos rebentos no cepo e que recolheu sementes que resultaram em 49 plantas jovens, que serão replantadas no próximo inverno em áreas acessíveis ao público, incluindo parques, hospitais e escolas.
Parte do tronco foi transformada numa obra de arte, que os visitantes podem agora abraçar no Centro de Visitantes do Parque Nacional de Northumberland.