Mais de um quarto dos peixes de água doce de África está ameaçado de extinção



Pelo menos 26% das espécies de peixes de água doce que ocorrem no continente africano correm risco de extinção, alerta relatório da associação conservacionista global WWF.

Em colaboração com outras organizações não governamentais de ambiente, da área das pescas e da proteção de zonas húmidas, a análise aponta, divulgada este mês de julho, aponta que os peixes de água doce são importantes para a saúde dos ecossistemas aquáticos e são uma base fundamental da subsistência de milhões de famílias em África, especialmente no interior, longe da costa marítima.

Contudo, salienta que a destruição de habitats, por causa da construção de barragens, da desflorestação, da exploração mineira e de alterações nos usos e ocupações do solo, está a empurrar muitas espécies para o limiar da extinção. A poluição gerada pela agricultura, pelos centros urbanos e pela indústria, a pressão das espécies invasoras e da pesca excessiva e os impactos das alterações climáticas fazem também parte da lista de ameaças.

Embora África seja reconhecida como um local de uma grande diversidade de espécies de água doce, com a ocorrência de mais de 3.200 espécies, é também “um foco de risco”, diz Eric Oyare, responsável da área de ecossistemas de água doce do escritório africano da WWF.

Em comunicado, sublinha que “quando esses peixes desaparecem, perdemos muito mais do que espécies: perdemos alimento e segurança nutricional, modos de subsistência, o equilíbrio do ecossistema e capacidade de adaptação às alterações climáticas”.

Para Oyare, “estes declínios são um alerta sobre a saúde dos ecossistemas dulçaquícolas de África de forma geral, que são verdadeiros sistemas vitais para as pessoas e a natureza”.

Olhando para o continente como um todo, os especialistas que assinam o relatório avisam que as populações de peixes de água doce “estão em queda livre”, e apontam, a título de exemplo, que em algumas zonas húmidas na Zambézia, província no nordeste de Moçambique, as populações de espécies de peixes de grande importância para as comunidades locais caíram até 90%.

Dado esse cenário, a WWF e as organizações parceiras apelam aos governos africanos que promovam a renaturalização dos rios, com a remoção de barreiras desnecessárias ou obsoletas, que invistam na melhoria da qualidade da água nos ecossistemas dulçaquícolas e que protejam e recuperem habitats e espécies de grande importância.

Além disso, pedem também que seja travada a exploração insustentável de recursos e que haja um maior controlo das espécies invasoras.

“Está na altura de deixarmos de pensar nos peixes de água doce como algo secundário”, lança, citada em nota, Nancy Rapando, da área de alimentação da WWF África.

“Eles são centrais para a biodiversidade, desenvolvimento e futuro de África”, assegura. “Temos de agir já antes que os rios sequem.”






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