Dugongos: Persistência do risco de extinção leva especialistas a pedir reforço da conservação regional



Os dugongos (Dugong dugon) são mamíferos marinhos da família da ordem dos Sirénios, onde se incluem também os manatins, formando o único grupo de mamíferos marinhos herbívoros que existem atualmente no planeta.

Por causa do seu estilo de vida e temperamento plácido, são conhecidos vulgarmente como “vacas-marinhas”, com a sua alimentação a constituir-se predominantemente por ervas marinhas. A comparação com os bovídeos terrestres surge porque os dugongos passam muito tempo a pastar tranquilamente em pradarias de ervas marinhas tal como as vacas o fazem em terra firme.

Precisamente por serem especialistas nesse tipo de habitat, estão particularmente expostos aos perigos resultantes de alterações ambientais, sendo classificados globalmente como espécie “Vulnerável” da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), um estatuto que mantêm desde 1982.

Num relatório da Convenção das Nações Unidas sobre Espécies Migradoras (CMS) lançado recentemente no Congresso Mundial da Conservação, organizado pela UICN em Abu Dhabi, que decorre até dia 15, mais de 70 cientistas e especialistas dizem ter feito a avaliação mais abrangente do estado de conservação dos dugongos dos últimos 20 anos.

De acordo com a análise, o estado de conservação das populações da espécie varia, uma vez que habita uma ampla diversidade de regiões, das águas costeiras e interiores da África oriental, no Oceano Índico, até à nação insular de Vanuatu, no sul do Pacífico ocidental.

Embora as populações da Austrália e no Golfo Pérsico sejam consideradas relativamente estáveis, o mesmo não se observa noutros locais. Os grupos de dugongos nas Ilhas Nansei, no Japão, e na costa oriental de África estão “Criticamente ameaçados”, e os que vivem ao largo da Nova Caledónia estão classificados como “Em Perigo”. Todas essas subpopulações estão em declínio por causa da captura acidental em artes de pesca, da caça legal e ilegal, de colisões com barcos, da degradação e destruição das pradarias marinhas das quais dependem, da poluição química e sonora e das alterações climáticas.

Além disso, a reduzida diversidade genética é também um importante fator de ameaça à sobrevivência de subpopulações no Índico ocidental, ainda que não o seja, por exemplo, em águas australianas.

Os autores do relatório salientam que os dugongos são aliados de peso no combate à crise climática, destacando que ajudam a manter saudáveis a pradarias marinhas, habitats que armazenam cerca de 10% do carbono oceânico, impedindo que seja libertado para a atmosfera na forma de dióxido de carbono e contribua para o agravamento do efeito de estufa.

“Os dugongos são mamíferos marinhos únicos que são uma parte integral de muitos ecossistemas oceânicos em todo o mundo”, diz, em comunicado, Amy Fraenkel, Secretária-executiva da CMS. A responsável destaca que conservar a espécie e os seus habitats “é proteger ecossistemas inteiros que beneficiam tanto as pessoas como a natureza”.

Como tal, os cientistas e especialistas apelam aos decisores políticos para que deem prioridade aos dugongos nos seus planos nacionais de conservação da biodiversidade, em especial nas regiões do planeta onde as suas subpopulações estão mais ameaçadas.

Pedem também para o reforço da proteção e restauro das pradarias marinhas, da cooperação regional e da promoção de práticas de pesca mais sustentáveis.






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