Greensburg: a cidade que se tornou sustentável a partir dos escombros (com FOTOS)



Na noite de 4 de Maio de 2007 um terrível tornado atingiu violentamente a cidade de Greensburg, uma comunidade agrícola no centro-sul do Kansas, nos Estados Unidos. A maioria dos 1.383 habitantes perdeu as suas casas, nove morreram e a cidade ficou reduzida a escombros.

No meio do processo de reconstrução, algumas pessoas colocaram a hipótese de reerguer a cidade tornando-a assente em princípios verdes. Antes da tragédia, a comunidade já estava a diminuir e a tornar-se envelhecida. Os moradores sabiam que a cidade precisava de uma nova estratégia. O tornado, apesar de terrível, permitiu proceder a essa transformação.

Nos anos que se seguiram ao tornado, Greensburg construiu edifícios municipais repletos de certificação LEED, instaurou uma política que torna a energia solar e eólica mais acessível aos moradores e criou um novo plano estrutural para a cidade que inclui corredores verdes e um centro pedonal. Os esforços atraíram financiamentos estaduais e federais e cobertura noticiosa e mediática.

Este cenário tornou-se possível porque, desde o início, alguns membros da comunidade encararam a sustentabilidade ambiental como uma extensão natural das características rurais da região.

Bob Dixson, actual mayor da cidade, esforçou-se por organizar reuniões comunitárias nos primeiros dias após o desastre, numa tenda onde todos os membros da comunidade pudessem partilhar as suas opiniões, ouvir e serem ouvidos, trabalhando juntos para um mesmo fim.

Os esforços de reconstrução iniciais exigiram uma enorme dose de energia e alguns exemplos notáveis de engenho ecológico. No início, muitos não tinham a certeza de querer investir, em alguns casos, mais do dobro dos custos numa reconstrução sustentável. Mas aqueles que assumiram o compromisso focaram-se nos preços de electricidade mais baixos que iriam alcançar e na melhor conservação dos recursos.

A cidade estabeleceu uma parceria com a John Deere Renewable Energy e a Kansas Power Pool para a construção de um parque eólico de produção em larga escala, oito quilómetros fora da cidade. As 10 turbinas, de 1.25 megawatts cada, produzem energia que segue para a Power Pool, abastecendo uma série de municípios locais. Greensburg gaba-se ainda de obter 100% da sua electricidade a partir do vento.

As novas políticas da cidade permitem aos moradores instalar painéis solares ou turbinas eólicas no telhado e encaminhar a energia produzida para a rede eléctrica, sendo remunerados por isso. A medida permite aos habitantes reaver rapidamente o custo envolvido na aquisição das tecnologias e disseminá-las.

Graças aos edifícios de alta eficiência energética, como o hospital e o centro de artes locais, Greensburg está a poupar €156 mil (R$ 404 mil) por ano em electricidade nos seus 13 maiores edifícios.

O verdadeiro teste desta nova abordagem virá com o tempo – será que a nova cidade vai atrair empresas e empregos ou será apenas uma cidade fantasma, mas verde? Para já, os sinais são positivos – após o tornado, a população diminuiu para metade (passou para 775 pessoas), mas muitos negócios já reabriram: a loja de ferragens, o café, os bancos e a farmácia.

E há mais: as crianças que, antes do furacão, diziam que queriam ir para a faculdade e não mais voltar, hoje revelam que querem ir para a faculdade para depois regressar. A cidade já é vista como tendo futuro.

Ser verde em Greensburg significa agora preservar os recursos, pensando nas gerações futuras, e trabalhar para a auto-suficiência.

Dixson diz que se tratou da “construção de uma comunidade de volta à que os nossos antepassados construíram para nós – uma comunidade para durar”. Talvez seja este então o caminho a seguir por muitas cidades espalhadas pelo meio rural.





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