Peixe gigante com armadura anti-piranha descoberto no Amazonas
Investigadores descobriram uma nova espécie de peixe que respira ar e evoluiu para fazer crescer uma pele escamosa extra forte, capaz de resistir a ataques de piranha. Este peixe é uma nova espécie de pirarucu, um peixe gigante de água doce nativo do rio Amazonas.
Em meados do século XIX, foram oficialmente reconhecidas quatro espécies de pirarucu, mas em 1868, Albert Günther, cientista do Museu Britânico de História Natural, publicou um artigo que sugeria que todas as subespécies deviam ser classificadas como sendo da mesma espécie.
Apesar de o ponto de vista do cientista se ter tornado o mais aceite, as últimas descobertas colocam-no em causa. O novo peixe tem várias características únicas – incluindo uma cavidade sensorial alongada na cabeça, um revestimento que cobre parte da barbatana dorsal e marcas distintivas na pele.
O peixe foi descoberto pela primeira vez em 2001, na zona onde os rios brasileiros Solimões e Purus se juntam, mas só agora foi oficialmente classificado. A sua descoberta e posterior classificação marcam a oficial existência de cinco espécies conhecidas de pirarucu.
“Durante 160 anos toda a gente dizia haver apenas um tipo de pirarucu”, disse Donald Stewart, do SUNY College of Environmental Science and Forestry, que fez a descoberta. “Mas sabemos agora que existem várias espécies, incluindo algumas não reconhecidas anteriormente.”
Noutra pesquisa separada, os especialistas debruçaram-se sobre as escamas do peixe, descobrindo que consistem em camadas empilhadas em espiral, feitas de colagénio, que se entrelaçam e curvam no sentido interior e exterior, de forma a repelir a força dos pequenos dentes afiados das piranhas.
A equipa do Lawrence Berkeley National Laboratory queria saber de que forma os peixes evoluíram para viver longe da ameaça de predadores carnívoros. Estudaram as escamas ao nível microscópico de maior resolução já utilizado em experiências deste género, descobrindo que cada uma é constituída por uma série de camadas.
Uma única escama tem um invólucro exterior rígido, com cerca de 0,5 mm de espessura, por cima de um núcleo interior mole com o dobro da espessura da sua camada protectora. O núcleo é composto por colagénio elástico moldado por várias estruturas que se curvam em torno de si mesmas.
O invólucro exterior pode proteger o peixe do contacto inicial da dentada mas, se os dentes penetrarem o revestimento quebradiço, o núcleo mais macio repele a força do ataque.