28 sinais de que o Planeta está em perigo
Se é um pessimista por natureza, evite olhar para este artigo. Ele traz-lhe um cenário negro para o futuro – um Planeta super-povoado, com megacidades dependentes de alimentos que vêm de regiões cada vez mais poluídas, com níveis muito elevados de insegurança alimentar.
Este Planeta, provavelmente, estará longe do que ele virá realmente a ser. Mas essa realidade paralela não deixa de ser um fantasma na evolução global, cuja aparecimento está apenas dependente de nós – e da forma como gerimos a nossa própria sobrevivência e ligação às boas práticas ambientais.
Estes 28 sinais de como o Planeta está em perigo foram retirados do Planeta Sustentável e, ainda que o texto tenha sido escrito há já alguns meses, não perdeu a actualidade. Infelizmente, não a perderá tão cedo.
1.Vivemos num século quente
Treze dos 14 anos mais quentes registados na história ocorreram no século XXI. O ano de 2013 foi o sexto mais quente desde que os registos modernos começaram, em 1850, segundo os dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Os recordes anuais são de 2010 e de 2005, com temperaturas globais cerca de 0,55° C acima da média.
2.O solo está cada vez pior
A degradação e a desertificação ameaçam as terras férteis do mundo, com consequências alarmantes: insegurança alimentar, pobreza, escassez hídrica e maior vulnerabilidade às mudanças do clima. Segundo a ONU, 24% das terras produtivas do mundo estão degradadas, enquanto 168 países sofrem com a desertificação.
3. A vida marinha está a sufocar
Actualmente, existem cerca de 500 zonas mortas no mundo, que cobrem mais de 245 mil quilómetros quadrados, quase a superfície inteira do Reino Unido. São zonas litorais onde a vida marinha foi praticamente sufocada pela poluição.
4. Respiramos mal e cada vez pior
A poluição do ar nas grandes cidades tem alcançado níveis nada seguros para a saúde humana. Apenas 12% de todas as pessoas do planeta respiram um ar de boa qualidade, segundo um estudo recente da Organização Mundial de Saúde (OMS).
5. Diarreia mata uma criança a cada 20 segundos
A cada 20 segundos, uma criança morre de doenças ligadas à diarreia, em grande parte evitáveis com saneamento adequado, melhor higiene e acesso a água segura. Todos os anos, 3,5 milhões de pessoas morrem no mundo por problemas relacionados com o fornecimento inadequado da água, a falta de saneamento e ausência de políticas de higiene, segundo a ONU.
6. Águas subterrâneas também matam
Para além da poluição atmosférica, a China enfrenta outra crise ambiental silenciosa e, muitas vezes, invisível: a contaminação das águas subterrâneas. Quase 60% delas estão poluídas, segundo estudo estatal divulgado pela agência Xinhua. A qualidade da água subterrânea foi classificada como relativamente pobre em 43,9% das regiões analisadas e muito má noutras 15,7%.
7. É para beber ou gerar energia?
Os recursos hídricos estão sob pressão para atender a crescente procura global por energia. No total, a produção de energia é responsável por 15% de retirada de água do Planeta. Mas este número está a aumentar e, em 2035, o crescimento populacional, a urbanização e o aumento do consumo prometem empurrar o consumo de água para geração de energia até 20%. Recursos hídricos em declínio já estão a afetar muitas partes do mundo e 20% de todos os aquíferos já são considerados sobre-explorados.
8. Batemos recordes perigosos
Pela primeira vez, a concentração mensal de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera superou o nível de 400 partes por milhão (ppm), no mês de Abril, em todo o hemisfério norte, segundo dados da Organização Mundial de Meteorologia (OMM). Este limiar é de importância simbólica e científica e reforça a evidência de que a queima de combustíveis fósseis e outras actividades humanas poluentes são responsáveis pelo contínuo aumento de gases do efeito estufa.
9. Sofremos desastres históricos
Eventos extremos, como secas e cheias, mostram-se cada vez mais recorrentes e violentos, quebrando todos os recordes. Há ano e meio, a Europa Central enfrentava a pior cheia da sua história, enquanto o Nordeste brasileiro e Califórnia norte-americano sofria com a pior seca em mais de meio século. Já viu que, nos media, a expressão “pior de sempre” está cada vez mais associada às notícias climáticas?
10. Perdem os ricos
Os países ricos e emergentes acumulam €1,1 biliões em perdas económicas e danos provocados por desastres naturais na última década, segundo um relatório da OCDE. Sem uma acção imediata, estes custos podem subir ainda mais devido às mudanças climáticas. Para reduzir as perdas no futuro, os países precisam de investir em resiliência e aumentar sua capacidade de resistir a choques e estresses.
11. Perde-se produção agrícola
Um estudo feito pelo Grupo Internacional de Consulta em Pesquisa Agrícola (CGIAR, na sigla em inglês) para as Nações Unidas sugere que o aquecimento global pode comprometer, até 2050, cerca de 20% da produção trigo, arroz e milho – as três commodities agrícolas mais importantes e que estão na base de metade das calorias consumidas por um ser humano.
12. Perdem os pobres e com fome
A escalada dos preços dos alimentos é uma questão de vida e morte para as populações que vivem em países em desenvolvimento e que gastam até 75% do seu rendimento para conseguir comer. Como se não bastasse, os mais pobres também são os mais afectados pelos extremos do clima, uma vez que seus países estão menos preparados para lidar com essas alterações.
13. Enquanto 1/3 da comida via para o lixo
Um terço dos alimentos produzidos no mundo não são consumidos, o que se traduz no desperdício de até 2 mil milhões de toneladas de comida por ano. Segundo o relatório “Global Food; Waste not, Want not”, o desperdício é fruto de condições inadequadas de armazenamento e transporte, adopção de prazos de validade curtos, ou compra excessiva por parte dos consumidores. Outro problema é a preferência dos supermercados por alimentos “perfeitos” em termos de formato, cor e tamanho.
14. Geramos sucata pós-moderna
O acesso fácil às tecnologias modernas tem um efeito colateral difícil de se digerir. Anualmente, segundo dados da ONU, o mundo gera em média 40 milhões de toneladas de lixo eletrónico por ano. A maior parte vem de países emergentes, como o Brasil, que ainda não possuem um sistema de gestão eficiente para lidar com esse tipo de material. Artefactos electrónicos contêm materiais que se demoram a decompor – plástico, metal e vidro – e outros altamente prejudiciais à saúde, como mercúrio, chumbo, cádmio, manganês e níquel.
15. E criamos moradas tóxicas
Actualmente, mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo estão expostas à poluição tóxica em níveis superiores aos tolerados pelas organizações internacionais de saúde. Essas populações vivem em regiões contaminadas por metais pesados, pesticidas e até por substâncias radioativas, como o césio. Agbogbloshie, no Gana, é a segunda maior área de processamento de lixo eletrónico na África Ocidental. Através de processos de reciclagem informais, o chumbo é frequentemente libertado no meio ambiente sem controlo de segurança ambiental.
16. Os gigantes de gelo colapsam
Dois novos estudos, um realizado por pesquisadores da NASA em parceria com a Universidade da Califórnia, em Irvine, e outro pela Universidade de Washington, indicam que o derretimento do manto de gelo da Antártida Ocidental atingiu um estado irreversível. Segundo os pesquisadores, esse processo “poderia triplicar sua contribuição ao nível dos oceanos”.
17. E accionam uma bomba relógio
O derretimento de gelo no Ártico é uma verdadeira “bomba relógio económica”, segundo os cientistas, que mediram, pela primeira vez, os custos do degelo. A conta é astronômica, algo próximo de €47,3 biliões, quase o Produto Interno Bruto (PIB) mundial, de €55,2 biliões. O degelo intensifica as mudanças climáticas com a libertação de toneladas de gás metano, um gás efeito estufa 20 vezes mais potente que o dióxido de carbono (CO2). O derretimento dos subsolos árticos congelados, o chamado permafrost, por sua vez contribuiria para o aquecimento adicional do planeta.
18. O degelo reduz o albedo
O degelo tem reduzido o factor de refletividade da região polar, levando a uma maior absorção de energia. Esse poder de reflexão de uma superfície é conhecido como “albedo”, uma das forças motrizes para o tempo e o clima. Se a quantidade de energia absorvida muda, isso tem um efeito sobre o balanço de energia da Terra e, finalmente, afecta o nosso tempo e o clima, reforçando os fenómenos das mudanças climáticas.
19. A biodiversidade fica à deriva
Aproximadamente um terço da biodiversidade dos leitos marítimos polares estão ameaçados de extinção como consequência da mudança climática. A perda progressiva das calotas polares poderá gerar resultados nefastos para o ecossistema das regiões ao permitir uma maior penetração dos raios solares no leito marinho.
20. Os oceanos pedem ajuda
Os oceanos são os maiores aliados da Terra para a manutenção do seu equilíbrio climático. Eles absorvem grande parte da radiação solar que atinge o Planeta e também funcionam como sumidouros de dióxido de carbono (CO2). Mas esses heróis do clima já se revelam vítimas do aquecimento global. A mudança no PH da água acontece à medida que o CO2 emitido pela actividade humana – originada fundamentalmente pela queima de combustíveis fósseis – é absorvido pelos oceanos. Várias formas de vida marinhas podem ser prejudicadas. Inúmeros estudos mostram que a acidificação interfere principalmente no desenvolvimento das espécies com carapaça ou esqueleto de carbonato cálcico, como corais e moluscos.
21. Os corais perdem a força
A maior barreira de corais do planeta vive uma crise ambiental sem precedentes. Um relatório recente mostra que a Grande Barreira de Corais Australiana já perdeu mais da metade da sua cobertura (50,7%) nos últimos 27 anos. E, se nada for feito na próxima década, podem restar apenas 5% da formação no ano de 2022. Não pára aí. Segundo uma pesquisa global com mais de 700 espécies de corais, aproximadamente 33% delas estão ameaçadas de extinção com o crescente aumento de temperatura do planeta.
22. Espécies perdem o rumo
A elevação das temperaturas tem causado o que os cientistas chamam de “stress térmico” no mundo animal. Durante vinte anos, pesquisadores europeus vêm estudando o movimento de populações de aves e borboletas no continente frente às mudanças cada vez mais constantes no clima. O resultado preocupa: os animais simplesmente não conseguem migrar na velocidade necessária para habitats com condições propícias para a alimentação e procriação e correm riscos de desaparecer ao se concentrarem em regiões com clima mais hostil. Ou seja, as aves e borboletas europeias estão a voar para longe dos seus habitats mais adequados, sofrendo com o tal “stress térmico”.
23. As mudanças são lentas demais
O desenvolvimento mundial das tecnologias de energia limpa continua bem abaixo do nível necessário para evitar os piores impactos das mudanças climáticas. Com a predominância do carvão na geração de energia global, especialmente nos países emergentes, como China e Índia, parece cada vez mais improvável que a meta internacional para limitar o aumento da temperatura média em 2ºC seja atendida, segundo a Agência Internacional de Energia.
24. O mar sobe e oprime
Quem disse que a elevação do nível do mar é um problema distante? Estudos já relacionam a elevação do Pacífico às mudanças climáticas. As águas subiram cerca de 20 centímetros nos últimos 200 anos. Segundo os pesquisadores, os maiores picos na elevação do nível do mar aconteceram entre 1910 e 1990, o que pode estar vinculado a intensificação das atividades industriais.
25. Os ventos enfurecem-se
Entre 2001 e 2010, houve 511 eventos relacionados com o ciclone tropical, que resultou em um total de quase 170 mil mortos, mais de 250 milhões de pessoas afetadas e prejuízos económicos estimados de €300 mil milhões. De acordo com o NOAA, centro de furacões dos EUA, 2001-2010 foi a década mais ativa desde 1855 em termos de ciclones tropicais na bacia do Atlântico Norte. Uma média de 15 tempestades por ano foi registrada, bem acima da média de longo prazo de 12 anos.
26. Pragas avançam
A segurança alimentar global está ameaçada pelo surgimento e disseminação de pragas e doenças, um fenómeno estimulado pelo aquecimento global, sugere um novo estudo publicado no periódico científico Nature Climate Change. Segundo os pesquisadores das universidades de Exeter e Oxford, as pragas e patógenos estão a mover-se a uma média de 3 quilômetros (Km) por ano. Tal fenómeno, dizem os pesquisadores, constitui mais uma ameaça à produção de alimentos. Actualmente, estima-se que entre 10% e 16% das culturas globais são perdidas devido às pragas e surtos de doenças na agricultura.
27. Tornámo-nos insaciáveis
Já somos sete mil milhões de pessoas no mundo, comendo, usando energia, poluindo e consumindo cada vez mais produtos num planeta finito. A pressão sobre os recursos naturais só aumenta. Segundo o Global Footprint Network, uma organização de pesquisa que mede a pegada ecológica do homem no Planeta, a diferença entre a capacidade de regeneração da natureza e o consumo humano gera um saldo ecológico negativo que vem-se acumulando desde a década de 80, também estimulado pelo crescimento populacional.
28. E o mundo fica mais violento
À extensa lista de efeitos relacionados ao aquecimento global, adicione mais um: a raiva. Um estudo publicado na revista Science diz que à medida que as temperaturas globais aumentam, o nosso temperamento também esquenta. A conclusão foi de que a incidência de guerra e distúrbios civis pode aumentar entre 28% e 56% até 2050. De acordo com o estudo, o aquecimento torna regiões vulneráveis do mundo mais susceptíveis a problemas relacionados com o clima, o que estimularia o deslocamento de pessoas para áreas vizinhas, levando a conflitos.
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