Conferência Sustentare: A reabilitação é o grande desafio de Portugal



Há pelo menos vinte anos que a reabilitação dos edifícios é o grande desafio de Portugal, mas esta ideia não tem sido compreendida por políticos e governantes, locais e nacionais.

Esta foi uma das ideias defendidas pela socióloga Rita Raposo, do projecto SOCIUS – Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações, no painel sobre Cidades Sustentáveis da conferência “Desafios e Tendências da Construção Sustentável”, que decorre na FLAD (Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento), em Lisboa.

“Portugal não percebeu que a reabilitação era o grande desafio [das nossas cidades] nos últimos 20 anos. O crédito barato levou ao desenvolvimento da construção nova”, continuou.

A responsável descreveu ainda a política de construção nos anos 50 e 60, na Grande Lisboa, como “caótica”, uma “desordem” que só agora está a ser resolvida, sobretudo através de legislação.

E continuo com os nossos erros: “As construções eram mais eficientes, em Portugal, nos anos 20 ou 30. Mesmo em relação aos anos 70 a 90 e até agora”.

Finalmente, Rita Raposo explicou que Portugal teve uma “cultura de planeamento muito tardia”, com “regras de urbanismo que chegaram muito tarde”.

Antes, já o professor Miguel Amado, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, tinha abordado o planeamento sustentável.

O responsável reforçou a importância de medir e avaliar todas as propostas de sustentabilidade urbana. “É necessário ter um ranking de sustentabilidade das cidades, e acreditar que as cidades sustentáveis são a solução para o seu próprio problema”.

De acordo com o professor, a sustentabilidade das cidades actuais passa pelo investimento em formação e informação e por uma maior simplificação de todo o processo de decisão.

“Temos entidades a mais a opinar. As cidades estão estruturadas pela iniciativa privada e pela incapacidade das entidades públicas em fazer o seu papel”, revelou. Finalmente, acrescentou, com um tom irónico, que “qualquer incompetente pode fazer um bom trabalho” na área do planeamento urbano, basta “fazer uma check lista e segui-la”.





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