Alterações climáticas custam até 15% do PIB anual em África



A secretária executiva da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA), Hanan Morsy, alertou ontem que as alterações climáticas estão a custar até 15% do Produto Interno Bruto (PIB) das economias africanas todos os anos.

“Os riscos são elevados; as alterações climáticas estão a custar até 15% do PIB das economias africanas todos os anos, com os governos a desviarem até 9% dos seus orçamentos para fazerem face a eventos climáticos extremos” disse Hanan Morsy.

Isto, ao mesmo tempo que “estão a lidar com o sobre-endividamento e a ter de fazer escolhas difíceis entre a ação climática e o cumprimento de necessidades críticas de desenvolvimento, como saúde e educação”, alertou a também economista-chefe da UNECA na 10.ª sessão especial da Conferência Ministerial Africana sobre o Ambiente, que decorre até sexta-feira em Abidjan.

Hanan Morsy atualizou os dados do relatório ‘Estado do Clima em África 2023’, da Organização Mundial Meteorológica (OMM) sobre os custos das alterações climáticas em África, que dava conta que “em média, os países africanos estão a perder 2% a 5% do PIB e muitos estão a desviar até 9% dos seus orçamentos para responder aos fenómenos climáticos extremos”

Apresentado na 12.ª Conferência sobre Alterações Climáticas para o Desenvolvimento em África (CCDA), o relatório apontava para que o custo da adaptação climática na África subsaariana se vá situar entre 30 e 50 mil milhões de dólares (cerca de 27 a 45 mil milhões de euros) por ano durante a próxima década, ou seja, 2% a 3% do PIB da região.

Na intervenção de hoje, Hanan Morsy salientou que “65% da terra arável africana está degradada, o que custa 68 mil milhões de dólares em produtividade perdida, num contexto em que as taxas de desflorestação são o dobro da média mundial, prejudicando ainda mais a produção agrícola e o ecossistema de serviços”.

A economista-chefe da UNECA e secretária executiva adjunta sublinhou a importância do impacto das alterações climáticas em África.

“A urgência é óbvia, porque as alterações climáticas, a poluição e a perda de biodiversidade são crises interligadas que ameaçam a nossa própria existência, não são apenas questões ambientais, são desafios económicos e sociais que ameaçam o próprio tecido das nossas sociedades e exigem a nossa ação imediata e unida”, afirmou.

A união, acrescentou, é “a maior força de África”, disse Morsy em Abidjan, cidade que esta semana alberga várias reuniões e conferências sobre temas ambientais e sobre o impacto económico e social das alterações climáticas em África.

“Os desafios que enfrentamos são imensos, mas também são imensas as oportunidades para África liderar com soluções inovadores e sustentáveis; se alavancarmos as nossas forças coletivas e aprofundarmos a colaboração, podemos proteger os nossos ecossistemas, dar força às nossas comunidades e potenciar o desenvolvimento sustentável”, concluiu.

As questões ambientais têm ocupado lugar de destaque cada vez maior nas conferências africanas, sendo agora um tema incontornável de qualquer reunião no continente, devido ao impacto que têm nas sociedades, na economia e no modo de vida africano.

Só esta semana, Abidjan acolheu a 12.ª Conferência sobre Alterações Climáticas e Desenvolvimento em África (CCDA-XII) e a 10.ª sessão da Conferência Ministerial Africana sobre Ambiente (AMCEN), cujas “conclusões e estratégias vão servir de roteiro” para os países africanos se prepararem para as negociações da COP 29, no final do ano no Azerbaijão e, antes, para a Cimeira do Futuro, que decorre este mês em Nova Iorque.





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